O medo de Temer é de que a saída do PSDB do governo crie um “efeito manada”, na expressão de um senador do PMDB próximo a Temer, às vésperas de a Câmara dos Deputados analisar uma eventual denúncia do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra o presidente. Ou seja, a saída dos tucanos pode motivar outros partidos a seguir o mesmo caminho.
Na avaliação do Planalto, se os dois tucanos paulistas trabalharem para esvaziar a reunião desta segunda ou para cabalar votos pela permanência do PSDB na base, a vitória de Temer estará garantida na Executiva, que tem 17 membros, caso haja uma votação deliberativa.Para direção, futuro do partido está em jogo
Mesmo se o governo Michel Temer sobreviver às denuncias, o que está em jogo agora, dizem os dirigentes tucanos, é o futuro do partido e seu papel em 2018. A avaliação recorrente é de que o PSDB já perdeu o protagonismo do desembarque e ainda queimou a largada ao prospectar a eventual candidatura de Tasso Jereissati (CE) em caso de eleição indireta. Se desembarcar agora, o PSDB vai sozinho. Ou, como disse um cacique, “seríamos mais um PPS da vida”, em alusão ao desembarque do partido do ex-ministro da Cultura Roberto Freire.
Com o mantra da “cautela” os quatro ministros do PSDB, a maioria dos senadores e governadores, liderados por Geraldo Alckmin, Fernando Henrique Cardoso, o senador afastado Aécio Neves (MG) e o presidente interino, Tasso Jereissati, defendem a permanência. Os grupos de Alckmin e de Aécio atuam nos bastidores para evitar a saída. A avaliação de aecistas é de que o rompimento com o governo Temer pode prejudicar o mineiro. O pensamento é de que, caso o PSDB desembarque, o PMDB atuará para que o tucano seja cassado.
“Não consta que as bases estão se manifestando. Na bancada da Câmara são 47 deputados federais. Esse grupo defende majoritariamente que o partido continue apoiando o governo e as reformas”, minimizou o senador Paulo Bauer (SC), líder do PSDB no Senado. Apesar da negativa de Bauer, porta-voz da ala pró-Temer, as bases estão em ebulição.
Fonte: Estadão
Por Otávio Neto
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