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  22:07

O único nordestino da seleção fecha placar, classifica seleção e pede passagem no time de Tite

 Fonte: El Pais

Dida em 2006, Rivaldo em 2002, Mazinho em 1994, Júnior e Sócrates em 1982 e Clodoaldo em 1970. Nos últimos cinquenta anos de Copa do Mundo, em todas as memoráveis seleções brasileiras, havia pelo menos um representante do Nordeste, segunda região mais populosa do país. O Brasil de Tite não tem um nordestino entre os 11 titulares. No elenco todo, apenas um nome nascido lá: Roberto Firmino, o atacante reserva natural de Maceió que começou no Figueirense, foi se aventurar antes dos 20 anos na Alemanha e, mesmo após grande temporada pelo Liverpool, ainda precisa lidar com certa rejeição do torcedor que não viu o jogador se desenvolver dentro do cenário brasileiro. Contra o México, ele mostrou porque é o mais cotado para assumir a vaga de Gabriel Jesus, que mais uma vez passou em branco. No segundo tempo, entrou no lugar de Philippe Coutinho e anotou o segundo gol do Brasil para selar a passagem da seleção de Tite para as quartas. Foi a primeira vez que um jogador brasileiro saiu do banco e marcou um gol em mata-matas de Copas.

Firmino deu os primeiros passos no futebol dentro do CRB, clube da capital alagoana, ainda em categorias inferiores. De lá saiu para jogar pelo sub-20 no Figueirense, no oposto geográfico do país, onde encontrou o treinador Hemerson Maria, que hoje comanda o Vila Nova de Goiás. “Fui eu quem aprovei o Roberto Firmino na base do Figueirense, em 2009. Era um talento nato”, conta Hemerson. “O que tínhamos que trabalhar com ele era a parte tática: posicionamento e entendimento de jogo, que foi também o que ele mais aprendeu na Europa”. Desde a juventude, Firmino fez tratamento para clarear os dentes ‒ como fica claro cada vez que ele sorri para as câmeras ‒, mas conserva uma timidez exemplificada nas respostas curtas que dá em suas entrevistas. “Ele sempre foi um pouco introvertido, mas isso acabava quando entrava em campo. Ele era muito determinado e admirado pelos garotos. Se tornou um líder técnico em campo”, afirma o treinador.

O jogador disputou uma temporada como profissional no time de Santa Catarina, marcando 12 vezes em 51 jogos e ajudando a equipe a subir da série B para a série A nacional. No entanto, antes de disputar a elite, foi negociado em 2011 com o Hoffenheim, da Alemanha. Chegou como garoto, mas assumiu a camisa 10 e a posição de destaque do time, que renderam a ele as primeiras convocações à seleção brasileira. Saiu apenas em 2015, por 140 milhões de reais, para o Liverpool.

Chegou vestindo a 11, mas pegou a camisa 9 depois da saída de Benteke, centroavante belga. A troca de camisas simboliza a versatilidade de Firmino, que atua em mais de uma posição no ataque. “Eu prefiro ele como meia, atrás do atacante, como jogava no Hoffenheim e no Figueirense. Acho que ele tem mais espaço em campo e se destaca mais”, comenta Hemerson Maria. Mas foi como atacante que ele brilhou na temporada 2017/18, marcando 27 gols em 54 jogos no Liverpool (onde formou o trio vice-campeão da Champions League com Mané e Salah) e chegando à Copa do Mundo, ainda que na reserva de Gabriel Jesus. “Firmino é um jogador universal, pode se adaptar a qualquer sistema tático. Penso que pode jogar junto com Jesus na seleção, e que não é apenas o seu substituto”.

Hemerson Maria ainda comenta sobre a influência de Jürgen Klopp, treinador do clube inglês, que comandou Firmino na melhor temporada da carreira. “À distância, o Klopp me parece um treinador que trabalha muito bem a questão mental dos atletas. E isso é importante para jogadores com o temperamento do Roberto; eles precisam se sentir protegidos pelo treinador”. Apesar de não ter sido contratado pelo alemão, foi com ele que o brasileiro teve sua maior ascensão, se tornando um dos grandes jogadores da Europa. “Faltava alguém que o ajudasse a deslanchar de uma maneira definitiva em sua carreira, e o Klopp fez isso”, opina Hemerson.

Por ter crescido como profissional longe do futebol brasileiro, Firmino enfrenta um questionamento do público nacional sempre que compete com Gabriel Jesus, Jô e outros atacantes consagrados dentro do Brasil por uma vaga na seleção. “Esse preconceito existe porque ele não jogou na primeira divisão e nem em um grande centro do país”, defende Hemerson. A crítica começou a mudar na recém-encerrada temporada, quando o país de Firmino acompanhou o atacante ajudando o Liverpool a chegar na final da Champions. “Mas basta um ou dois jogos em que ele não faça gol ou que não tenha um destaque elevado para que voltem a cobrá-lo de maneira exagerada. É um erro porque não se julga a qualidade do atleta, e sim de onde ele veio. Acho que é um defeito cultural do nosso país”. A ver se a performance na Rússia vai ter força para debelar esses fantasmas.

Willian ressurge, Neymar deslancha e o Brasil despacha o México
O Brasil derrotou o México por 2 a 0 nesta segunda-feira, em Samara, pelas oitavas de final da Copa do Mundo Rússia 2018. Os gols da vitória saíram no segundo tempo, com Neymar e Roberto Firmino. Agora, a seleção aguarda a decisão do confronto entre Bélgica e Japão para conhecer seu adversário nas quartas de final.

No primeiro tempo, a seleção mexicana partiu para o ataque, bem ao estilo do técnico Juan Carlos Osorio. Explorando a velocidade de Carlos Vela e Guardado pela esquerda, deu trabalho ao sistema defensivo de Tite, mas só conseguiu finalizar uma vez no gol de Alisson. Com dificuldades para sair jogando e ditar o ritmo da partida, o Brasil também se expunha aos contra-ataques após escanteios no campo ofensivo, já que Osorio costuma posicionar apenas quatro defensores em sua área para reforçar a segunda bola nos contragolpes. Aos poucos, porém, a seleção controlou o ímpeto dos mexicanos e criou as melhores oportunidades com Philippe Coutinho, Gabriel Jesus e Neymar, que, aos 24 minutos, parou em arrojada defesa do goleiro Ochoa.

Para a etapa final, Osorio tirou o veterano Rafa Márquez e colocou Layún, buscando dar mais mobilidade ao meio-campo. Todavia, foi a seleção brasileira quem voltou em ritmo acelerado do intervalo. Coutinho parou em Ochoa. Aos 6 minutos, entretanto, a muralha mexicana nada pode fazer depois que Neymar rolou para Willian, que cortou para a canhota e bateu cruzado. O camisa 10 apareceu no segundo pau, empurrando para as redes. Superou Cristiano Ronaldo e Messi ao marcar seu primeiro gol em um mata-mata de Copa.

Willian, por sinal, teve sua melhor atuação no Mundial, sobretudo no segundo tempo. Arriscou mais jogadas individuais pela linha de fundo e não ficou preso ao lado direito, tanto que, no lance do gol, ele se movimenta do meio para a esquerda. Fez jus ao apelido de “Foguetinho”, acelerando no tempo certo e, como sempre, ajudando Fagner na recomposição defensiva. Já Neymar se mostrou novamente mais objetivo. Resistiu à provocação dos mexicanos, a ponto de levar um pisão de Layún. É o jogador que mais recebeu faltas (23) neste Mundial. Valorizou algumas delas, é verdade, mas nada que lembrasse a postura descompensada que exibiu diante da Costa Rica. Além de iniciar a jogada em que abriu o placar, ele ainda deu assistência para Firmino, que havia entrado no lugar de Coutinho, fechar a conta aos 43 minutos. Foi eleito o melhor jogador da partida.

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