Um suposta laranja morto no balão da Tabuleta em Teresina, em 15 de janeiro de 2014, "assinou" uma ata de licitação [vence uma licitação] celebrada entre uma construtora e o governo do estado do Piauí, segundo o Ministério Público e o Tribunal de Contas do Estado. As investigações da Operação Itaorna constataram que, de 2013 até 2018, recursos do tesouro estadual e de 32 municípios piauienses somando R$ 13 milhões foram repassados à empresa.
De acordo com os órgãos, o nome de Edinael Moreira, sócio da Construtora Crescer, com sede em Timon-MA, constou em uma ata de licitação realizada em janeiro de 2016, esse foi um dos principais indícios de que as licitações ocorriam de forma fraudulenta.
Durante as investigações, o Gaeco identificou dois sócios principais envolvidos nos esquemas, trata-se de Antônio Aragão Neto e Rafael Aragão Matos. Mas o que causou estranheza ao Ministério Público foi um terceiro nome encontrado nos contratos: o de Ednael Moreira. Ele entrou como sócio da Crescer em 2011, foi assassinado em janeiro de 2014, mas, mesmo após ser morto, continuava assinando contratos fraudulentos na empresa.
Segundo as auditorias do TCE, a Crescer Ltda. recebeu o montante de R$ 11.759.390,84 pagos pelo Estado e municípios entre 2013 e 2017, e R$ 1.952.756,52 pagos em 2018. Os recursos do Finisa estão dentro desse montante de R$ de 1,92 milhões recebidos pela empresa este ano. Foram R$ 991.051, 02 do Finisa 2 e R$ 322.819 em recursos do Finisa 1.
O MP e o TCE não informaram qual órgão estadual firmou o contrato com a empresa com o nome do empresário já falecido. O promotor de justiça Fernando Santos informou que não houve prisões até o momento porque a operação ocorre apenas no âmbito cível, mas que futuramente gestores e empresários investigados podem ser presos, caso os crimes sejam comprovados. As suspeitas iniciais são de fraude em licitação e desvio de dinheiro.
VIDEO: POLITICADINAMICA.COM
Ao todo foram cumpridos oito mandados de busca e apreensão expedidos pelo Juiz da 2ª Vara da Fazenda Pública de Teresina, nas Sedes da Secretaria Estadual de Turismo, Secretaria de Desenvolvimento Rural, Instituto de Desenvolvimento do Piauí - IDEPI, Coordenadorias de Desenvolvimento Social e Lazer e Coordenadoria de Combate à Pobreza Rural. Foram apreendidos documentos, contratos de licitação, computadores e notebooks nos locais.
As investigações iniciaram em 2016 e constataram fraudes a partir de 2013 com diversos contratos firmados entre 32 municípios piauienses e e órgãos estaduais com a construtora Crescer. A suspeita é de que uma das formas de fraude era a celebração de contratos duplos em que estado e município faziam repasses de valores para a realização de uma mesma obra, em especial de calçamento em ruas de cidades do interior.
Finisa I e II
A operação foi deflagrada agora por conta da constatação de fraudes com recursos do Programa de Financiamento à Infraestrutura e ao Saneamento (Finisa) I e II, repassados pela Caixa Econômica Federal ao governo do estado do Piauí e liberados em forma de empréstimo recentemente.
O recurso foi alvo de apuração por parte do Tribunal de Contas da União (TCU) e de proibição de repasse pela Justiça Federal, sob suspeita de desvio de finalidade. O governo do estado R$ 600 milhões após a liberação do repasse em maio deste ano.
De acordo com o TCE, recursos do Finisa II foram destinados a essa empresa no valor de R$ 991 mil e do Finisa I no valor R$ 321 mil, somente em 2018. Este ano, o TCE constatou que órgãos estaduais firmaram cinco contratos com a empresa.
R$ 13 milhões em cinco anos
No total, entre estado e municípios, de 2013 até o dia 30 de agosto, foram R$ 13 milhões sob suspeitas de desvio. O TCE informou que foram repassados à Construtora Crescer em 2014 - R$ 3,3 milhões, em 2015 - R$ 728 mil, em 2016 - R$ 1,6 milhão e em 2017 - R$ 752 mil.
Período eleitoral
O promotor Fernando Santos destaca o crescimento no valor repassado nos anos eleitorais. José Inaldo Oliveira, auditor fiscal do TCE, falou sobre a prática.
"Não importa se eram eleições municipais ou estaduais, você percebe que em 2014 e em 2016 houve um acréscimo no valor e a empresa recebeu muito mais nesses anos do que nos outros, indicando relação com o período eleitoral".
A equipe tentou, mas não conseguiu contato com a empresa suspeita de envolvimento. As ligações não foram atendidas. O G1 entrou em contato com o governo do estado, que informou por meio de nota que sempre colaborou com o TCE e que não há agentes públicos sendo investigados.
Da Redação
Comentários
Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião desta página, se achar algo que viole os termos de uso, denuncie.