“Sobre Mercenários e Libertadores”. Esse é o título do novo livro do jornalista e radialista Toni Rodrigues, que será lançado no próximo dia 26 de abril, a partir das 19h, na Livraria Entrelivros, em Teresina. O livro trata sobre a Batalha do Jenipapo e representa um esforço de pelo menos oito anos do escritor e pesquisador, que aborda a temática de uma forma diferenciada.
“A Batalha do Jenipapo é parte de uma grande revolução pela independência do Brasil que começou em 19 de outubro de 1822, em São João da Parnaíba, e se estendeu até 2 de julho do ano seguinte, em Caxias-MA, com a rendição de Fidié. Em meio a isso, muitos acontecimentos dramáticos que revelam, em relação aos envolvidos, uma série de frustrações, porque muitos daqueles que temos como heróis mantiveram, naquele momento de grande importância, atitudes realmente questionáveis”, acentua o autor.
Aos 50 anos de idade, Toni Rodrigues prepara o lançamento do seu 21º livro que, para ele, representa o rompimento do discurso politicamente correto em relação à Batalha do Jenipapo e aos acontecimentos e personagens. “Mas não tem nada de revisionismos. Os fatos estão todos escritos, a documentação é farta.”, enfatiza, acrescentando em seguida: “O juiz de fora João Cândido de Deus e Silva teve presença marcante nos atos de proclamação da Independência em Parnaíba, é tido como um dos heróis do movimento. No entanto, antes disso, ele praticou uma série de atitudes nada louváveis. Como, por exemplo, denunciar Lourenço Barbosa ao governo português”, assinalou o autor.
O livro começou a ser escrito com a finalidade de resgatar a personalidade do tenente Simplício José da Silva, um dos maiores combatentes em campo durante a refrega, em Campo Maior, no dia 13 de março de 1823. Ele também atuou de maneira decisiva no combate ao banditismo, representado nessa quadra histórica pelo elemento Vicente Bezerra da Costa, o Vicente Bonzão. “Tenho motivos muito fortes para acreditar que esse camarada praticamente introduziu o cangaço em terras nordestinas, isso bem aqui, no Piauí, durante aquele momento dramático da história piauiense e brasileira”, comentou Rodrigues.
Além do combate aos bandoleiros de Vicente Bonzão, que chegou a reunir um grupo com 80 homens para saquear fazendas de portugueses, Simplício José da Silva foi também responsável pelo enfrentamento direto ao tirano Fidié com a implementação da chamada guerra de guerrilha. “Li em algum lugar que Campo Maior não podia comportar esse tipo de evento por se tratar de terreno amplo e sem obstáculos. Os documentos de época e alguns autores consultados mostram que a guerrilha se fez durante a noite. A escuridão foi aliada dos combatentes brasileiros e piauienses”, disse ainda o autor.
Afirmou, também, que a maioria dos piauienses que tomou parte no combate estava ao lado da Coroa Portuguesa. “Fidié chegou em terras piauienses e encontrou um exército à sua disposição. Entre os mais de 500 homens feitos prisioneiros logo depois da batalha em Campo Maior todos eles prestaram juramento diante da bandeira de Portugal. Por isso, os revolucionários piauienses tiveram que recorrer a mercenários de outras províncias para garantir a luta. E pagaram muito caro por isso. Talvez ainda estejamos pagando essa conta até hoje”, enfatizou Toni Rodrigues, que aproveita a oportunidade para convidar professores, estudantes, escritores e todos aqueles que se interessam por conhecer um pouco mais sobre a história do Piauí.
Mais do que isso. Por conhecer uma parte da história que permanece obscura, juntamente com personagens que fizeram muito mais do que aqueles que são exaltados nos livros de história e nos pronunciamentos dos homens públicos. Nunca se falou, por exemplo, sobre a ação do padre Jerônimo, da Igreja do Rosário, que era vereador em Campo Maior, juntamente com Simplício, e cujas ideias foram determinantes na motivação dos combatentes. Pouco se falou sobre a atuação de Antonio Maria Caú, oeirense que fez história ao enfrentar o governo português. Teria sido traído por Manuel de Sousa Martins, brigadeiro e depois Visconde da Parnaíba, que com o fim dos combates tomou posse do governo e ali permaneceu por longos 22 anos. “Ninguém queria enfrentar o seu completo desamor pela vida humana”, afirma o autor.
O livro é uma publicação da Editora Nova Aliança, pertencente a Leonardo Dias. “É o 3º livro de Toni Rodrigues que publicamos. Os dois anteriores, ‘Cinturão de Fogo’ e ‘Que País É Esse’ foram bem recebidos pelo público. Temos certeza de que ‘Sobre Mercenários e Libertadores’ será também um grande sucesso. Contamos com a presença de todos”, falou Dias, que tem feito um grande trabalho na publicação de livros de autores piauienses.
fonte:Viagora
J. Sérgio
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