A família de um adolescente de 14 anos entrou na Justiça para pedir uma indenização de R$ 20 mil por danos morais contra uma professora do jovem. O garoto alega que foi chamado de burro pela professora dentro de sala de aula, em Brasileia, interior do Acre, durante a leitura de um texto.
A professora afirmou que não vai se posicionar sobre o caso.
O caso ocorreu em outubro de 2018, quando o adolescente lia uma história a pedido da professora. Segundo o processo, o aluno não soube responder as perguntas da professora e foi chamado de burro. A família também registrou um boletim de ocorrência na época dos fatos e o menino relatou que sentia sofrer 'preconceito racial'.
'Fiquei transtornada', diz mãe
A mãe do menino, a cuidadora de idoso Keuly Fontenele, 37 anos, contou ao G1 que os problemas na sala de aula vinham acontecendo há um tempo. O menino estava diferente e não queria ir para a escola, até que a criança contou para a mãe que a professora tinha chamado ele de burro.
“Isso aconteceu numa terça-feira e na quarta eu tentei procurar a direção da escola, só que não me deram uma resposta, não chamaram a professora. Quando meu filho chegou em casa e contou isso, eu fiquei transtornada, magoada e chateada. Aconteceu e querendo ou não, prejudica um pouco meu filho”, lamentou a mulher.
Keuly disse que chegou a procurar a professora para conversar, mas que a mulher negou o episódio. “Na verdade, ela negou, deu uma explicação que não foi convincente, não explicou nada. Só rodeou e não falou nada. E aconteceram outras coisas mais, mas isso aí é a Justiça quem vai resolver, não me sinto bem de falar”, afirmou a mãe.
O texto lido pelo aluno contava a história de um garoto que foi pegar garrafas em uma casa e acabou sendo confundido com um ladrão. Os donos da residência acabaram entregando dinheiro, mesmo sem o garoto pedir, e o menino foi embora surpreso com a atitude. Ao final da leitura, a professora teria questionado os alunos sobre a razão pela qual o personagem da história aceitou o dinheiro. O adolescente que fez a leitura ficou calado e a educadora o teria comparado com o menino negro da história e o chamado de burro diversas vezes.
A família relata ainda na petição que os colegas do adolescente passaram a chamá-lo de burro pelos corredores da escola, o que teria causado tristeza e distanciamento do adolescente.
Ainda segundo os autos, familiares do aluno procuraram a escola para pedir providências. A direção teria conhecimento da situação e prometeu apurar o caso, mas a família alega que nada foi feito.
Revoltada, a família entrou na Justiça com um pedido de indenização no valor de R$ 20 mil.
“Não há ainda que se falar que a situação se tratou de uma brincadeira uma vez que não existe brincadeira se somente o opressor ri. Existe, isso sim, humilhação. Negar esse fato somente impede o reconhecimento dos limites entre o humor e abuso”, destaca o processo.
José Sérgio
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