O grande desejo do casal Tatiana Dantas e Fábio Rocha era ter um filho. Apesar de fisicamente encontrar-se em plenas condições para engravidar, questões psicológicas a impediam de realizar esse desejo. Disposta a tudo para ser mãe, depois de muitos impasses, ela conseguiu convencer o marido a adotar uma menina.
Para a surpresa do casal, após três meses da adoção da pequena Madalena, que possuía três dias de vida, Tatiana começou a sentir muito sono e a notar que algo estava diferente. Ao procurar um médico, ela recebeu a grande notícia: estava grávida.
Neste dia das Mães, Tatiana passa o domingo acompanhada de Madalena e grávida de sete meses de um menino que recebeu o nome de Hugo. A mãe que desejava apenas ter um filho, relata as mudanças que a maternidade de dois pequenos, de forma inesperada, trouxe para sua vida.
“Já tentava ser mãe há muito tempo. Eu sabia que podia engravidar, mas não conseguia por causa de um tratamento com ansiolíticos. Tratava uma ansiedade e uma depressão. O desejo fora do normal de ser mãe e o estresse causado por isso, fez com que eu tivesse a dificuldade maior. Então comecei a pensar em adotar uma menina. Consegui adota minha filha com três dias de nascida. Ela foi abandonada no hospital pela mãe que era usuária de drogas. Eu fiquei como mãe cuidadora e depois o juiz autorizou a adoção. Foi em pouco tempo que tudo mudou na nossa vida e para a melhor”, relata.
A situação de risco em que se encontrava a pequena Madalena fez com que Tatiana enfrentasse a resistência inicial do marido e conseguisse adotar a criança. Ela afirma que o processo de adoção ocorreu fora do normal, já que foi muito rápido comparada a toda burocracia enfrentada por outras famílias que sonham com a adoção.
“A Madalena já é o sexto filho que a mãe biológica dela colocou para adoção. São usuários de drogas que abandonam os filhos. Ela pariu a Madalena, deixou no hospital e foi embora. Voltou para as ruas, para as drogas. Madalena precisou de um tratamento imediato porque ela adquiriu sífilis congênita da mãe. Ela precisou de um tratamento imediato, de uma família acolhedora. Mesmo com aquele medo de acolher e não conseguir adotar, eu decidi acolher e cuidar dela. Aconteceu que nos primeiros meses de vida, fiquei internada com ela, cuidando direitinho, fazendo tratamento e hoje é uma menina saudável, totalmente saudável e esperta”, explica.
Tatiana atribui a felicidade provocada pela chegada de Madalena, à facilidade de engravidar de Hugo um tempo depois. Ela afirma que com a chegada da menina, deixou de sofrer com a ideia de não conseguir engravidar, e a gestação do Hugo ocorreu naturalmente.
“Madalena foi minha felicidade. Ela chegou na nossa casa no dia 10 de julho do ano passado. Estava muito satisfeita como mãe. E acho que pelo fato de ter tranquilizado, depois de três meses, eu engravidei. No final de outubro de 2018, descobri que estava grávida. Estou com sete meses de gestação”, explica
Apesar de toda a felicidade, o processo de adoção de Madalena encontrou resistências na família. Tatiana relata a resistência da mãe e o conflito inicial que foi preciso superar com o marido para que a adoção de Madalena se concretizasse.
“Eu decidi adotar e não queria escolher a criança. Eu sempre dizia que queria adotar qualquer criança. Não fiz escolhas. Mas o engraçado é que quando ela veio, foi dentro dos requisitos que predominantemente as mães querem para adotar: é uma menina e recém-nascida. Eu tive a sorte sem exigir muito. Quando ela veio foi uma surpresa. O primeiro conflito que tive foi com meu marido. Ele imaginava que só iriamos adotar em seis meses ou um ano, mas foi muito rápido. Mas a assistente social ligou e disse que precisava de uma família. Se ela não fosse adotada por mim, iria para um abrigo. Eu disse que queria e foi um conflito grande. Mas eu disse que não poderia abandonar a criança da forma como ela precisava de ajuda. Já era uma criança em sofrimento durante a gestação. Não poderia virar as costas. Hoje ela é feliz, simpática, sorridente, é outra criança. Ela chegou no sábado de madrugada. No outro dia liguei para minha mãe que precisava de umas roupas de criança porque tinha adotado uma menina. Minha mãe ficou louca. Foi uma confusão fora do normal”, comentou.
A mudança na rotina da mãe de primeira viagem foi inevitável. Ela, que é professora, diminuiu a rotina de trabalho e encontrou um novo motivo para viver.
“Eu trabalhava muito, o dia todo. De domingo a domingo. De 8 horas da manhã até 10 horas da noite. Não estava preparada para ser uma mãe em termos de horário. Mas estava preparada espiritualmente. Minha vida mudou da água para o vinho depois que a Madalena chegou. Hoje já trabalho bem menos e minha vida é focada nela e no Hugo. Foi uma mudança. No princípio minha mãe se irritou porque disse que eu ira mudar a minha vida, mas depois teve a aceitação. A Madalena encheu o coração de todos. Ela chegou e trouxe muitas felicidades. Minha vida é outra”, destacou.
Por ser mãe de primeira viagem de Madalena e ainda ter engravidado de Hugo pouco tempo depois, a capacidade de Tatiana de criar os dois filhos foi questionada por muitos familiares. A adoção de Madalena passou a ser posta em dúvida por muito familiares.
“Quando descobriram que eu estava grávida a briga foi maior. Porque todo mundo se mete. Meu marido ficou muito feliz. Enquanto queríamos só um, Deus mandou dois. Veio o pacote. A família é aquela que todos participam, fazem comentários um da vida dos outros. Quando descobriram a gravidez me chamaram de doida, ficaram perguntando porque eu adotei. Alguns diziam que eu sabia que iria engravidar. Eu não sabia que iria engravidar. Na verdade a gravidez veio por causa da adoção. Ficavam perguntando como eu daria conta de dois filhos. Eu digo que a vida toda eu cuidei de mais de mil alunos. Cuidar de duas crianças não será difícil. Eu faria 10 mil vezes a mesma coisa com a Madalena. Ela foi a mudança na minha vida. Sempre sofri com ansiedade e depressão e hoje a Madalena trouxe a felicidade. Quando estou tentando cair ela vem com um sorriso, brinca, aprende a caminhar, nasce um dente, não temos tempo de pensar em ficar triste. Só penso em amar meus filhos”, afirma.
A previsão é que o pequeno Hugo nasça em julho, mas ele e Madalena já mudaram completamente a vida de Tatiana. Ela encontrou um novo sentido para viver e a depressão e ansiedade deram lugar a muito amor e vontade de viver.
“Sofri uma tentativa de homicídio na frente da casa do meu irmão, levei um tiro. Nunca soubemos quem foi. Logo depois do tiro eu passei por uma crise de síndrome do pânico, depressão. Logo depois meu irmão de 35 anos morreu. Foi muita coisa. A depressão estava tomando conta de mim. É como se a vida não fizesse mais sentido. A melhor coisa de todas na minha vida foi a Madalena. Ela me trouxe o Hugo e todas as coisas boas da vida. Apesar de muitas dificuldades, ela me realiza. Madalena é uma benção de Deus na minha vida. Ela me fez olhar a vida com outros olhos. Antes o que eu me importava, hoje tem outro sentido. Ela me faz ter todos os dias uma razão de verdade para viver”, declara.
Fábio Wellington
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