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  20:28

E por que Dogim Félix não emplaca em Jatobá do Piauí? O que diz situação e oposição?

 

O município de Jatobá do Piauí está na lista dos 49% de municípios brasileiros que terão apenas dois candidatos na disputa pela prefeitura municipal. Essa monopolização é quase uma unanimidade na “Terra da Melancia”. Mesmo com história política recente e apenas 7 disputas, em apenas 1 delas, em 2020, teve três grupos políticos disputando efetivamente os votos. No ano de 2004 teve uma terceira via, mas foi uma candidatura meio de fachada, como o Em Foco já mostrou.

HILTON X DOGIM FELIX

A disputa de 2024 é entre o atual prefeito, Hilton Gomes (PSD), que busca sua reeleição, e Dogim Félix (Progressista), um estreante na disputa local e desconhecido da maioria da população, tendo como única referência que o capacitaria a ser prefeito do município, ser filho do primeiro prefeito da história política de Jatobá do Piauí, o atual prefeito de Campo Maior, João Félix.

Faltando uma semana para a votação, os adversários dizem que o nome de Dogim Félix não emplacou e, até mesmo nas pesquisas eleitorais, nunca passou da casa dos 40%. Algumas pistas estão bem fáceis de serem seguidas para entender o processo.

Como já citado, Dogim tem como única referência na política de Jatobá, ser “o filho do João Félix”. E nem isso deve ser o suficiente, haja vista que o próprio João Félix se afastou completamente de Jatobá do Piauí desde 2004, quando renunciou ao cargo para concorrer à prefeitura de Campo Maior, onde se elegeu. São 20 anos ausentes da cidade. Nem mesmo quando seu primo Dalberto Rocha foi prefeito de Jatobá do Piauí (2005-2008 e 2013-2016), com seu aval, João retornou à cidade que ajudou a construir. Até a casa que ele tem na cidade, conhecida como “casa do morro”, João Félix alugou para o próprio Dalberto no seu segundo mandato.

DOGIM NUNCA TEVE LIGAÇÃO DIRETA COM JATOBÁ

Dogim nasceu 9 anos antes de João Félix virar prefeito de Jatobá do Piauí. Foram 8 anos de gestão. Teoricamente, Dogim deveria ter tido toda a sua adolescência em Jatobá, mas seus próprios adversários desafiam quem de Jatobá do Piauí, que hoje com seus 36 anos de idade, tenha jogado uma bola com Dogim? Comido uma melancia no quintal de casa?  Ou mesmo mais recente, tomado uma cervejinha com ele naquela festa de interior? Ninguém, porque Dogim nunca pisou em Jatobá, nem mesmo em grandes eventos sociais da cidade, nem nas gestões do pai, do aliado Dalberto Rocha, nem em gestões de grupos opositores. Foi ausente de todo jeito.

A própria rede social de Dogim, mesmo ele podendo ser candidato em Jatobá em 2024, só tem a primeira foto dele em Jatobá de julho de 2023 durante um encontro de sanfoneiros em uma balneário; a segunda postagem é de agosto em um jogo de futebol no Povoado Tamarindo, ao lado de lideranças que nem aliadas seriam, pois naquele momento sua visita era como deputado estadual e não como pré-candidato a prefeito. Sua primeira postagem na zona urbana de Jatobá é participando do segundo dia da festa da melancia, em setembro de 2024.

Até então, todas as publicações de seu perfil são direcionadas para Campo Maior, acompanhando o pai em obras e eventos públicos e sociais. Isso mostra o quanto ele não tinha envolvimento com a cidade, nem mesmo por já ter sido politico, quando disputou vaga de deputado estadual em 2022.

Dogim tomando posso como deputado estadual em Teresina 

Em sua posse, como suplente de deputado estadual na Assembleia legislativa, por exemplo, nenhuma liderança política ou família de Jatobá do Piauí foi convidada. Não precisava, mas pelo tamanho de sua ligação e seu amor, agora declarado por Jatobá, talvez teria sido simpático, de sua parte, Jatobá ter sido citado. Jatobá não, mas Campo Maior sim e teve algumas lideranças convidadas. Porque naquele momento, Dogim era preparado para ser candidato em Campo Maior. Mas à frente contamos isso com mais detalhes.

FOI ABRAÇADO PELA OPOSIÇÃO HISTÓRICA AO SEU PAI

Por falar em grupo político, seus atuais aliados em Jatobá do Piauí é outro ponto que pode pesar contra e explicar o não emplacamento, segundo seus aliados: na construção de grupo político, “os Félix” se aliaram aos seus mais terríveis opositores: os “petistas raízes” de Jatobá do Piauí que odiavam “os Félix” e até quem votava neles.

Apenas em novembro de 2023, menos de 1 anos da eleição, Dogim começou as alianças com adversários historicos. Nesta foto, de camisa vermelha é o vereador Zé Raimundo. Ele tem longa carreira política em Jatobá, mas quando tentou ser candidato a primeira vez, em 2004, não consegiu porque o João Félix tomou o partido PSB. Filho Almeida, de camisa preta, é outro ex-adversário histórico das entranhas petistas da cidade. Entrou na polícia com aval de Paulo Martins em Campo Maior e outros petistas adversários historicos de João Félix. 

Além de políticos com mandatos ou sem, como os vereadores Filho Almeida, Zé Raimundo, Otoniel Luciano, ex-integrantes do alto escalão de gestões petistas de Jatobá do Piauí, como três ex-secretários de educação, que não suportavam a ideia “dos Félix” mandar em Jatobá do Piauí, por acharem perseguidores e forasteiros, hoje são os braços fortes da campanha de Dogim. E isso não tem pegado bem, nem gerado discursos que convençam os eleitores por uma suposta mudança.

Um dos discursos de ex-petistas e félix é que o Dogim vai “unir as famílias de Jatobá”. Mas vamos lembrar que Jatobá do Piauí completa, logo após a eleição, 29 anos de emancipação política e essas famílias de “ex-petistas” e “felistas” nunca foram unidas: pelo contrário! Era rixa que deveria até envergonhar a todos.

São pessoas que aplaudiam quando a crítica batia forte na “família Félix”, inclusive com gravíssimas acusações, como por exemplo, um período de fortes ataques e definição de João Félix aos olhos de jornalista em emissora de rádio de Campo Maior.

JATOBÁ DO PIAUÍ NÃO É MAIS UM QUINTALZINHO DA FAMILIA FÉLIX EM CAMPO MAIOR

O outro discurso do grupo de Dogim é o de oportunidades. Não fica claro para quem serão as oportunidades, mas a história não se apaga. Nas gestões félix, segunda a própria história e registros, nunca um secretário municipal, ou ocupante de qualquer cargo de primeiro, segundo, ou terceiro escalão, foi alguém da cidade. Sempre alguém de Campo Maior ou até de Teresina.

As oportunidades eram tão remotas que até assuntos rotineiros, como uma declaração, um oficio, tinha que ser pago, ou entregue, na cidade de Campo Maior, porque os funcionários do município, como secretários, diretores, coordenadores, chefes de departamentos, e até a secretaria da própria prefeitura, era tudo em Campo Maior. O município de Jatobá mantinha o que eles chamavam de “o escritório” que funcionou em duas casas na mesma rua: Benjamim Constante. Não por coincidência, uma rua por trás da casa “patriarcal” da própria família. Tanto nas gestões de João Félix, quanto nas de Dalberto Rocha, o município manteve essas casas alugadas em Campo Maior, onde tudo de Jatobá se resolvia ali. Se fosse a impressão de um contra cheque, ou algo mais formal, não fosse a Jatobá do Piauí que você não revolvia. Era em Campo Maior.

Os secretários municipais, especialmente a de Saúde e Educação, tinham as terças e quartas-feiras como dias de visitas a Jatobá do Piauí. Tanto que um ex-vereador de Jatobá do Piauí, Geovane Portela, então presidente da câmara, criou um bodão para o então prefeito Dalberto Rocha, de “prefeito quarta-feira”. Era, de fato, o dia que a gestão se dirigia à cidade. Era também no tempo de um único médico duas vezes por semana no Centro de Saúde Teodora Oliveira.

Na gestão do atual prefeito, ele tem propagado as oportunidades, principalmente para jovens do município e sempre questiona em seus discursos que “Jatobá do Piauí não pode voltar ao tempo em que seus destinos eram traçados de Campo Maior para frente”, por pessoas que não vivem em Jatobá.

DOGIM PRECISA SER CARREGADO

Outro ponto bastante explorado pelos adversários é o de que Dogim Félix é incapaz de fazer uma visita a uma família de qualquer comunidade da zona rural, ou mesmo de uma rua da cidade, sozinho ou acompanhado apenas de seu motorista e seus seguranças. Porque, segundo os adversários, ele não conhece ninguém. Para isso, toda visita feita antes e durante a campanha política precisa ser guiado pelo seu candidato a vice, o ex-prefeito Dalberto Rocha, pelo próprio pai, ou ainda por uma lideranças. Até os principais nomes na disputa a vereador do grupo de Dogim são de Campo Maior e/ou de Teresina. Apenas o vereador Zé Raimundo tem domicilio na cidade, e Sobrinho Leão mora na Comunidade Sertãozinho, zona rural do município.

A oposição ainda cita que o isolamento de Dogim com Jatobá é tão grande que até seus próprios atos políticos são sempre com pessoas de Campo Maior na organização, nos carros, não criando uma sintonia com seu próprio eleitor. "Não sou político de fim de semana" diz o prefeito Hilton Gomes, se referido ao seu adversário que vai na cidade, pede votos e volta para seus apartamento de meio milhão em Teresina, como declarado na justiça eleitoral.

Até em peças de publicidades da campanha de Dogim (foto abaixo) usa-se uma foto antiga da Praça Nossa Senhora das Graças. “Certamente feito por pessoas que pegam a imagem na internet e nunca nem andou em Jatobá”, dizem. 

Peças de publicidade de Dogim Félix usam uma, ao fundo, uma foto antiga da Praça da cidade

DOGIM ERA PREPATADO PARA CAMPO MAIOR

Toda essa chagada de repente de Dorgim Félix como candidato a prefeito de Jatobá, e que pode custar uma derrota, se deve ao fato de que o mesmo não estava, de fato, pensando em Jatobá do Piauí. João Félix preparava o filho, claramente, para ser candidato a prefeito em Campo Maior, vendo o iminente momento de ser afastado do cargo pela justiça, por ser condenado por improbidade Administrativa.

Bastava ver a movimentação do pai em torno do nome do filho, a grande mídia em cima de Dogim, sempre o associando à área de assistência social de Campo Maior. Nos eventos públicos em Campo Maior, o nome de Dogim era muito mais citado que do próprio pai. João Félix talvez acreditasse que poderia ser afastado do cargo e ter os direitos políticos suspensos, não podendo mais ser candidato à reeleição. O filho seria o candidato.

Somente nos 45 do segundo tempo, quando percebeu que a justiça não faria sua condenação por improbidade administrativa ser cumprida, João transferiu o título eleitoral de Dogim para Jatobá do Piauí, em setembro de 2023 (video abaixo), pouco menos de 1 anos antes do pleito, e começou construir grupo político.

Outra questão é que o João Félix confiou em si próprio para eleger o filho. E o município de Jatobá do Piauí está bem diferente daquela que o Joaozinho Félix deixou há 20 anos. Pessoas estudaram, se formaram, envelheceram, faleceram, nasceram centenas de novos eleitores que se quer chegaram a ver o João prefeito e a mentalidade da própria política hoje é outra. Não se ganha mais voto dançando com pessoas da terceira idade, dando abraço, prometendo o que não se cumpre, ou apenas fazendo festa e dando comida, a famosa política do pão e circo. Para se ter uma ideia, João Félix deixou Jatobá do Piauí quando ele tinha uma D-20 cabine dupla. Era a caminhante dos barões naquela época. Chegar em cima da hora dizendo ser a solução para um município, pode não colar mais. 

O QUE CADA UM FEZ POR JATOBÁ DO PIAUÍ ANTES DE PLEITEAR SER PREFEITO?

É outro questionamento bastante pertinente. Dorgim Félix é suplente de deputado estadual, assumiu a vaga por alguns meses e tem como aliados em nível de estados os deputados estadual e federal, Flavio Nogueira, pai, e Flavio Junior, filho. Tem ainda o apadrinhamento do senador Ciro Nogueira, que acabou de ser o homem forte do então presidente Bolsonaro. Foram 4 anos no poder. Qual emenda parlamentar o Dogim conseguiu para Jatobá do Piauí? Quantos benefícios ele conseguiu com aliados, ou como deputado estadual? Ou ainda por ter o pai prefeito da cidade-mãe Campo Maior?

Dogim sempre esteve alinhando com os Flávios e com o Ciro Nogueira. Qual seu trabalho, através de seus deputados e senador, por Jatobá do Piauí?

Hilton se gaba de ter conseguido para Jatobá, antes de ser prefeito, uma caminhonete modelo Mitsubishi L-200, uma Van com 17 lugares, calçamentos para as Comunidades Jatobazinho e Nova Irum, junto à Coordenadoria de Desenvolvimento Social e Lazer- CDSOL, quadra de esportes de areia, vários poços tubulares, sistema de abastecimento d’água junto ao DNOCS, realizou Festival de quadrilhas juninas, campeonatos de futebol com grandes premiações, tudo antes de ser prefeito.

Hiltn Vice-prefeito, entrengando uma Van
Hilton visitando obra de Calçamento na comunidadde Novo Irum

OS ATAQUES E CONTRA-ATAQUES ATUAIS

O grupo de Dogim tem atacado seus opositores com discursos de ser perseguidor, mas a história  mostra que João Félix é quem perseguiu pelos menos 5 professoras e um auxiliar de serviços gerais, já mostrado aqui no Em Foco. Não existe, hoje, nenhum processo trabalhista na justiça em decorrência da gestão atual.

Falam também de um abandono da saúde e educação e o atual prefeito contrapõe dizendo que hoje, por exemplo, Jatobá do Piauí tem três ambulâncias rodando dia e noite, casa de apoio em Teresina, inauguração de um posto de saúde e reforma de mais dois. Na educação, escolas climatizadas, auxiliares em todas as salas, salários, férias, 13º todos pagos rigorosamente em dias. No tempo das gestões félix não tinha nenhuma ambulância e salários dos meses de dezembro ficaram sem pagar nas duas gestões do Dalberto Rocha. Já em Campo Maior, João Félix chegou a atrasar 4 meses aos professores no eu segundo mandato. Sobre ambulâncias, somente bem recente o município adquiriu 1 ambulâncias para cobrir todo o município, que dá 8 Jatobá.

Em Jatobá nos meses de dezembro, 1/3 de férias que ficaram sem serem pagos nas gestões de Dalberto Rocha, a secretaria de educação era a senhora Mazé Félix, irmã de Joãozinho a atual secretaria de educação de Campo Maior, que, certamente, em uma eleição de Dogim, deva voltar ao município ou indicar alguém de sua confiança.

Os ataques também direcionam um suposto abandono no esporte. O atual prefeito Hilton diz nos seus discursos que nunca Jatobá do Piauí teve tanto investimentos em esportes e tantos bons resultados. Ele cita campeonato em diversas comunidades, além dos tradicionais amor e copa cidade, a seleção de jatobá que venceu a Copa da Amizade pela primeira vez, a entrega ainda este ano do Estádio Municipal de futebol e a valorização dos próprios atletas, como por exemplo, o comando do esporte que é feito por amantes do esporte de dentro da própria cidade, como o ex-atleta profissional Denis Oliveiras que comandou o departamento de esportes. Mulheres também fazem parte da direção de esportes e ajudam a organizar campeonatos femininos.

A eleição é no próximo final de semana. São 6.868 cidadãos e cidadãs aptos a votarem. Quem a maioria escolher vai gerenciar o município ate 31 de dezembro de 2028. Apesar dos desencontros de opiniões, os dois grupos políticos acreditam que vão sair vitoriosos nesta eleição. Hilton já divulgou duas pesquisas eleitorais onde saiu na frente nos resultados, por outro lado, Dogim também divulgou duas pesquisas onde saiu vitorioso.

O grupo de Dogim faz questionamentos de que o atual prefeito Hilton Gomes não merecer ser reeleito. O grupo do Hilton, no entanto, também diz que é preciso fazer uma avaliação de quando precisar dos atendimentos em saúde, ter ambulâncias e uma Van disponível 24 horas, ou voltar ao tempo do Joãozinho [Félix] que era uma Toyota para levar alguém para Campo Maior, quando desse certo.  

Jovens realizaram um ato de apoio ao candidato Hilton Gomes pelas oportunidades de trabalho

Mostrar, como ele fez, que é possível um jovem de Jatobá do Piauí ser o médico da UBAs Maria Helena, como é hoje; ser o enfermeiro chefe do Estratégia Saúde da Família, da sala de vacina, do laboratório de exames, do departamento de esportes, ser o secretaria de agricultura, cuidar de melancia; um professor de escola do campo ser o secretário de Educação, como é hoje; uma professora ser a secretária de saúde e ser eficiente; um jovem professor de Jatobá ser o diretor da maior e da menor escola do município; um plantador de melancia ser o chefa da Controladoria do município? Do setor de tributos? Ou todos esses cargos serem direcionados às pessoas de Campo Maior ou Teresina, enquanto os jovens de Jatobá precisar pegar o busão rumo a São Paulo por falta de oportunidades?

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