A Polícia Federal está investigando as explosões ocorridas na noite de quarta-feira (13/11) na Praça dos Três Poderes, em Brasília. Duas explosões aconteceram na noite de quarta-feira (13/11) nas proximidades do Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília, deixando uma pessoa morta.
Na manhã desta quinta-feira (14/11), o diretor-geral da PF Andrei Passos Rodrigues afirmou que o episódio não é um fato isolado, mas conectado com várias outras ações que já são apuradas em outras investigações.
Um boletim de ocorrência da Polícia Civil do Distrito Federal identificou o homem que morreu como Francisco Wanderley Luiz. Ele próprio lançou artefatos em direção ao STF, segundo as investigações, e depois se deitou sobre um explosivo, que foi detonado.
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Wanderley Luiz também seria o dono do veículo que explodiu no Anexo IV da Câmara dos Deputados. No porta-malas do veículo, foram encontrados fogos de artifício e tijolos.
Segundo o jornal O Globo, um guarda do STF relatou em depoimento à Polícia Civil do Distrito Federal ter presenciado o momento em que o homem explodiu bombas na Praça dos Três Poderes, próximo a uma estátua da Justiça.
"O indivíduo trazia consigo uma mochila e estava em atitude suspeita em frente à estátua, colocou a mochila no chão, tirou um extintor, tirou uma blusa de dentro da mochila e a lançou contra a estátua. O indivíduo retirou da mochila alguns artefatos e com a aproximação dos seguranças do STF, o indivíduo abriu a camisa os advertiu para não se aproximarem", diz trecho do Boletim de Ocorrência da Polícia Civil citado pelo jornal.
Em seguida, ele teria se deitado no chão e aguardado a bomba explodir.
Chaveiro e ex-candidato pelo PL
Francisco Wanderley Luiz tinha 59 anos e era chaveiro em Rio do Sul, cidade de 72 mil pessoas na região do Alto Vale do Itajaí. Em 2020, ele concorreu a vereador da cidade usando o nome Tiü França, mas recebeu apenas 98 votos e não foi eleito.
Ele foi candidato pelo Partido Liberal (PL), legenda do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Em sua declaração ao Tribunal Superior Eleitoral, ele declarou R$ 263 mil de patrimônio, além de uma moto, três carros e um prédio de dois andares em Rio do Sul.
Suas páginas no Facebook e no Instagram foram removidas.
Entre as mensagens publicadas, havia críticas ao STF.
“Tudo o que já foi feito para obtermos melhorias em nosso País e nada deu resultados!!! É hora de mudarmos os caminhos e ações!!! Onde está o grande problema? No judiciário(STF).”
Ele também havia deixado mensagens radicais com ameaças de uso de violência — afirmando ter colocado bombas na casa de um jornalista e políticos. "Polícia Federal, vocês têm 72 horas para desarmar a bomba que está na casa dos comunistas de merda", escreveu.
Bolsonaro e Alexandre de Moraes se manifestam
Em seu perfil no X, o ex-presidente Jair Bolsonaro disse que lamenta e repudia qualquer ato de violência.
"Apesar de configurar um fato isolado, e ao que tudo indica causado por perturbações na saúde mental da pessoa que, infelizmente, acabou falecendo, é um acontecimento que nos deve levar à reflexão", escreveu.
Na postagem, o ex-presidente afirma ainda que "passou da hora" de o Brasil voltar a cultivar um ambiente adequado para que as diferentes ideias "possam se confrontar pacificamente".
"A defesa da democracia e da liberdade não será consequente enquanto não se restaurar no nosso país a possibilidade de diálogo entre todas as forças da nação", disse.
"E as instituições têm um papel fundamental na construção desse diálogo e desse ambiente de união. Por isso, apelo a todas as correntes políticas e aos líderes das instituições nacionais para que, neste momento de tragédia, deem os passos necessários para avançar na pacificação nacional."
Já o ministro Alexandre de Moraes afirmou que as explosões "não são um fato isolado", mas sim resultado do "extremismo" e do clima de ódio que se instalou no país.
"Não podemos ignorar o que ocorreu ontem. E o Ministério Público é uma instituição muito importante, vem fazendo um trabalho muito importante no combate a esse extremismo que lamentavelmente nasceu e cresceu no Brasil em tempos atuais. Nós precisamos continuar combatendo isso", disse o ministro ao abrir uma aula magna no Conselho Nacional do Ministério Público.
"O que ocorreu ontem não é um fato isolado do contexto. [...] O contexto é um contexto que se iniciou lá atrás, quando o famoso gabinete do ódio começou a destilar discurso de ódio contra as instituições, contra o Supremo Tribunal Federal, principalmente. Contra a autonomia do Judiciário, contra os ministros do Supremo e as famílias de cada ministro", completou Moraes.
O ministro deve assumir a relatoria das investigações sobre o ataque promovido por Wanderley Luiz, por ser o relator dos inquéritos que investigam as invasões de 8 de janeiro de 2023 ao STF, Planalto e Congresso Nacional.
Fonte: BBC
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