A audiência de instrução do caso que investiga o assassinato da blogueira Samya Silva, conhecida como Samynha, teve início nesta terça-feira (4), no Fórum Cível e Criminal de Teresina. A jovem foi morta a tiros no dia 1º de outubro de 2023, na Avenida João XXIII, Zona Leste da capital.
Quatro pessoas foram indiciadas pelo crime: Felipe de Sousa Amorim, Israel Boanerges Ribeiro de Sousa, Raimunda Nonata Vitória da Silva e Davdy Jhorrany Moreira Dourado.
Eles respondem por homicídio triplamente qualificado, devido ao motivo torpe (por envolver disputa entre facções criminosas), impossibilidade de defesa da vítima e perigo comum, já que os disparos ocorreram em via pública.
A audiência ocorre de forma híbrida. O juiz Muccio Miguel Meire abriu os trabalhos ouvindo a primeira testemunha, Marta Evelin, conhecida como Yrla Lima, amiga da vítima e que estava com ela no dia do crime.
Em seu depoimento, Yrla relatou que estava com Samya e outra amiga em um clube na tarde do dia 1º de outubro. Segundo ela, dois rapazes passaram observando o grupo de forma estranha, o que a deixou desconfortável. Samya ficou sorrindo para os rapazes.
A testemunha disse ainda que elas saíram do local por volta das 16h30, tiraram fotos com pessoas que pediram por fotos. Um rapaz veio até elas e comentou que duas pessoas estavam rondando a moto de Samya, que estava estacionada na praça em frente ao clube.
A mãe da influenciadora também prestou depoimento e foi questionada sobre uma possível ameaça feita por uma rival de Samya. Segundo relatos anteriores, a blogueira conhecida como “Pretinha” teria afirmado em uma live: “Isso não vai ficar assim, vou mandar os meus meninos”. No entanto, a mãe de Samya negou ter feito essa declaração à polícia.
O Ministério Público representa Samynha por meio do promotor Regis Marinho. Ao todo, 18 testemunhas devem ser ouvidas na 3ª Vara do Tribunal do Júri, e deve se estender por toda a tarde de terça.
Possível mandante do crime morreu na prisão
Além dos indiciados, um homem chamado Herbert também teria feito parte do crime. Apontado como mandante do crime, ele morreu após ser preso em janeiro de 2024.
"A Sâmia fazia parte de uma facção, além de praticar tráfico de drogas, e foi morta justamente por membros da facção rival. Os quatro foram acusados de homicídio com três qualificadores.. Além disso, eles foram indiciados por organização criminosa", explicou a delegada Nathalia Figueiredo, à época.
Segundo a delegada Nathalia, uma nova investigação foi aberta para investigar outras pessoas que teriam participação indireta no crime, que foram descobertas durante a investigação principal.
Presos anteriormente
No dia 10 de janeiro, oito dias antes do fechamento do inquérito, a Polícia Civil divulgou o nome de seis pessoas que foram presas suspeitas de participarem da morte da influencer. Um dos presos, suspeito de ser o mandante do crime, identificado apenas como Herbert, morreu após a prisão.
Além de Herbert, foram presos anteriormente, em data não informada pela polícia, Israel, Felipe, Davdy, Francilda e Vitória (as duas são esposas de dois dos suspeitos). Ainda há outro suspeito, chamado João Gabriel, que é considerado foragido (foto abaixo).
Participação dos acusados no crime
As investigações mostraram que os seis presos estavam no clube onde a jovem passou a tarde, no dia em que foi morta. Há a suspeita de que ela possa ter sido atraída para lá para ser morta.
A polícia apreendeu os celulares dos suspeitos e descobriram que eles decidiram, pelo WhatsApp, matar Sâmya. Havia fotos da jovem nas conversas.
•Herbert estava armado e forneceu a arma do crime;
•Davdy pegou a arma e perseguiu Sâmya;
•Felipe deu apoio à Davdy;
Morte de suspeito
O sexto preso, suspeito de dar apoio aos executores e ser o mandante do crime, identificado como Herbert, de apelido Jibóia, morreu logo após ser preso, na quarta (10). Conforme a polícia, ele resistiu à prisão ainda no local em que foi encontrado, chegando a romper duas algemas.
Ele estaria, segundo o delegado-geral de Polícia Civil, Lucy Keiko, se recuperando de uma cirurgia devido a um acidente de moto. Logo após ser conduzido à sede do Departamento de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), o homem passou mal e morreu, conforme os delegados.
Quem era Samya Silva?
Samya Silva, de 21 anos, era uma digital influencer de Teresina. Ela possuiu quase 50 mil seguidores no Instagram. Nas suas redes sociais, Samya postava informações sobre seu dia a dia e sobre jogos de aposta em roletas online, conhecido como "Jogo do Tigrinho".
Em agosto de 2023, um vídeo de Samya viralizou nas redes sociais de todo o país. Na imagem, ela comemorava os primeiros votos de ministro do Supremo Tribunal Federal a favor da descriminalização do porte de maconha para uso pessoal.
Após isso, ela se envolveu em diversas polêmicas e discussões nas redes sociais. Horas antes de ser morta, publicou stories sobre uma briga que teve na noite anterior em uma festa. Ela chegou a postar um story em sua conta uma hora antes de ser assassinada.
O crime
Samya havia passado a tarde em um clube na Zona Leste de Teresina, acompanhada de duas amigas. Elas postaram imagens se divertindo durante a tarde, momentos antes do crime.
Uma amiga da blogueira e influencer Samya Silva, 21 anos, a jovem Yrla Lima, testemunhou o homicídio da amiga e teve seu celular atingido por um tiro no momento do ataque a tiros.
Em seguida, publicou uma sequência de emojis de choro e uma foto das duas com a legenda "A gente brincou tanto hoje". Depois, mostrou o celular destruído pelo tiro: "f* não poder fazer nada, só tentar se salvar".
Samya deixou o clube levando as duas amigas em uma motocicleta. Elas foram perseguidas por dois homens de moto, que usavam capacete e pediram que a jovem parasse a moto. Ela chegou a jogar o veículo no chão e tentar fugir com as amigas, mas foi atingida e morta na Avenida João XXIII, bairro São Cristóvão, na Zona Leste de Teresina, na tarde de domingo.
Samya foi baleada, não resistiu aos ferimentos e morreu no local. As amigas da vítima não foram baleadas. Os autores do crime fugiram em seguida.
Fonte: G1
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