Doleiro diz que senador do Piauí recebeu US$ 150 mil para se filiar a partido
Youssef disse que dinheiro era oriundo de esquema do caso Banestado. Senador não fala sobre o caso.
O doleiro Alberto Youssef, acusado de operar pagamento de propinas e lavar dinheiro para políticos, afirmou em depoimento à Polícia Federal que o senador Ciro Nogueira (PP-PI) recebeu US$ 150 mil para integrar o partido.
A declaração foi feita num depoimento prestado à Polícia Federal no dia 1º de julho, dentro das investigações da Operação Lava Jato e disponibilizado nesta quinta (11) no sistema interno do Supremo Tribunal Federal (STF), onde tramita o inquérito sobre o senador. As informações são do site G1.
Aos investigadores, Youssef disse que o dinheiro não era oriundo de desvios da Petrobras, investigados no caso, mas sim de recursos próprios, procedentes de outro esquema de corrupção, conhecido como caso Banestado, pelo qual o doleiro foi condenado anteriormente.
Youssef disse que o dinheiro foi cedido ao então líder do PP na Câmara, José Janene, morto em 2010. As investigações da Lava Jato mostram que ele comandava o esquema de desvios da Diretoria de Abastecimento da Petrobras, com influência sobre o então diretor Paulo Roberto Costa, acusado de cobrar propina de empreiteiras contratadas para obras.
Segundo o relato de Youssef, ele foi chamado em 2011 para uma reunião na casa de Ciro Nogueira, em 2011, com o objetivo de discutir um conflito interno no PP, motivado por disputas entre dois grupos do partido pelo recebimento das propinas oriundas da Petrobras.
Youssef teria dito que as duas alas deveriam chegar a um consenso e sugeriu que, caso Ciro desejasse, ele deixaria de operar o pagamento de propinas a membros do partido. A reunião, ainda conforme o doleiro, teria durado aproximadamente 1 hora e 30 minutos. O doleiro relatou em seguida que, após o episódio, Ciro teria passado a tratar diretamente com Paulo Roberto sobre a distribuição de recursos a parlamentares do PP.
Conflito
O “conflito interno” a que se refere Youssef teria sido iniciado em 2011 – início do governo da presidente Dilma Rousseff – entre dois grupos do partido que disputavam a influência sobre a indicação para a Diretoria de Abastecimento. O objetivo seria concentrar o recebimento da propina extraída de contratos.
Conforme relatos de Youssef, após a morte de Janene, uma ala liderada pelo ex-deputado Mário Negromonte (BA) – composta também por Nelson Meurer (PR), João Pizzolatti (SC) e Pedro Corrêa (PE) – passou a se “autofavorecer” em detrimento de repasses aos demais membros da bancada do PP na Câmara.
Com isso, ainda segundo Youssef, o grupo interno do PP formado por Ciro Nogueira (PI), Arthur de Lira (AL), Benedito de Lira (AL), Eduardo da Fonte (PE) e Aguinaldo Ribeiro (PB), rebelou-se e assumiu a liderança do PP. Youssef diz que, por conta dessa disputa, Negromonte deixou o comando do Ministério das Cidades em favor de Aguinaldo Ribeiro, em 2012.
Youssef disse que Paulo Roberto se reuniu com lideranças do PP pedindo uma “indicação do Palácio do Planalto” sobre para qual dos grupos deveria direcionar os recursos do esquema de corrupção e que a disputa teria chegado ao conhecimento do Palácio do Planalto.
O doleiro cita os ex-ministros Ideli Salvatti (Secretaria de Relações Institucionais) e Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência), dizendo que parlamentares se reuniram com eles para tratar do assunto. Paulo Roberto, por sua vez, negou negou ter levado o assunto a Ideli Salvatti e Gilberto Carvalho.
Da Redação. campomaioremfoco@hotmail.com
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