A inflação encerrou o ano de 2017 em 2,95%, divulgou o IBGE nesta quarta-feira (10). O valor, que corresponde ao índice acumulado no ano, ficou abaixo do piso da meta do Banco Central, de 4,5% com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual.
O descumprimento da meta em 2017 já era esperado pelo mercado. Com o resultado, o presidente do BC, Ilan Goldfajn, deverá enviar uma carta ao ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, explicando por que a inflação não ficou dentro do estipulado.
Será a primeira vez que ocorre tal situação desde que foi criado o sistema de metas de inflação, em 1999.
O setor de alimentos e bebidas, que compõem cerca de 25% das despesas das famílias, foi o que mais contribuiu para que o IPCA ficasse abaixo da meta.
Os alimentos recuaram 4,85% em 2017, com destaque para as frutas (-16,52%), que tiveram o maior impacto negativo (-0,19 p.p.) no índice geral.
Segundo o gerente do Sistema Nacional de Índices de Preços ao Consumidor, Fernando Gonçalves, a queda do preço dos alimentos foi consequência da produção agrícola, que teve uma safra cerca de 30% superior a 2016.
"Essa situação levou o consumidor a pagar mais barato (-1,87%) do que no ano anterior. É a primeira vez que o grupo apresenta deflação desde a implementação do Plano Real", diz Gonçalves.
ALTAS
Por outro lado, habitação (6,26%), saúde e cuidados pessoais (6,52%) e transportes (4,10%), foram os grupos que mais influenciaram positivamente .
"Na Habitação, as principais influências da alta vieram de produtos como o gás de botijão (16%), a taxa de água e esgoto (10,52%) e a energia elétrica (10,35%)", informou o IBGE, que atribui a situação, em parte, ao reajuste de 84,31% nas refinarias, que contribuiu para o aumento no preço do gás de cozinha vendido em botijões de 13kg.
O setor de saúde e cuidados pessoais foi influenciado pelos planos de saúde, que ficaram 13,53% mais caros, e dos remédios (4,44% de aumento).
A gasolina subiu 10,32%, contribuindo para a inflação dos transportes. Em 2017, o combustível foi afetado pelo reajuste de PIS/Cofins, além de ter tido 115 reajustes nos preços nas refinarias, com aumento acumulado de 25,49% de 3 julho a 28 de dezembro de 2017, dentro da nova política de preços da Petrobras.
Fonte: Folhapress
Por Rafael Melo
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