O Partido Progressistas (PP) comandando pelo senador piauiense Ciro Nogueira, divulgou um documento nesta terça-feira (9) em que declara que manterá postura de “absoluta isenção e neutralidade” no segundo turno das eleições presidenciais, disputado entre os candidatos do PT, Fernando Haddad, e do PSL, Jair Bolsonaro.
A legenda integrava em nivel nacional o chamado bloco do "Centrão" e no primeiro turno do pleito havia participado da coligação do candidato do PSDB, Geraldo Alckmin. A vice de Alckmin na chapa, senadora Ana Amélia, é do PP. Mesmo assim, no Piauí, Ciro não fez campanha para seu partido e aparecia no "time do Lula".
O partido afirma ainda estar "convicto" de que essa postura de neutralidade é a "melhor contribuição que pode oferecer ao debate, em que os cidadãos e cidadãs demonstraram querer se ater a um olhar aos projetos e às personas dos candidatos, deixando todas as demais variáveis em segundo plano".
Mas no documento, assinado pelo presidente do partido Ciro Nogueira, já afirma que o PP estará disposto a colaborar com o futuro governo a ser eleito seja ele qual for, "em todas as agendas coerentes e resolutivas" que possam levar a uma solução para os grandes problemas do país.
Imaginem se o senador tivesse tido essa mesma atitude em relação aos prefeitos do Piauí, pedindo que estes deixassem os eleitores dos municipios livres para escolher os dois senadores.
VEJA A ÍNTEGRA DA CARTA
Amigo Progressista, Amiga Progressista,
A democracia brasileira protagonizou um momento histórico e ofereceu uma demonstração de vigor, vitalidade e plenitude no último 7 de outubro. As eleições transcorreram em todo o país num ambiente geral de normalidade e de respeito irrestrito aos ditames e ritos legais. Dezenas de milhões de brasileiros e brasileiras manifestaram soberanamente as suas preferências e a vontade popular se fez ouvir.
Nós, do Progressistas, queremos agradecer à Nação por haver abraçado e depositado em nossas propostas e programas um apoio ainda maior, o que exige de nosso partido a compreensão exata dos desafios que esta responsabilidade nos imprime.
Registramos que foram eleitos 70 deputados estaduais por nosso partido. Ainda mais significativo sobre a responsabilidade que recai sobre nossa legenda foi a eleição de 37 deputados federais, o que torna o Progressistas forte porta-voz, na Câmara dos Deputados, de um conjunto de princípios e ideias com o qual temos compromissos indeclináveis. Foram eleitos também 5 senadores Progressistas e nossa bancada atuará com seis parlamentares naquela Casa. Estamos honrados com a eleição do governador Gladson Cameli, correligionário que vai comandar o Acre nos próximos quatro anos.
Num momento em que, mais do que nunca, é exigido na vida pública clareza, transparência e coerência, reiteramos ao país os compromissos que entendemos fundamentais, premissas de quaisquer diálogos institucionais do qual venhamos a participar. São esses os nossos compromissos:
Compromisso com a Democracia: o Progressistas é defensor intransigente das conquistas democráticas e rejeita todo modo de retrocesso que possa inibir a liberdade de escolha dos governantes diretamente pelo Povo, dentro de um ambiente de total e livre manifestação do pensamento.
Compromisso com Estabilidade Econômica: o Progressistas acredita firmemente que democracias prosperam e se consolidam apenas em sociedades capazes de manter em equilíbrio suas variáveis econômicas, acima de todas elas, a inflação, sem o que as desigualdades se agudizam, esgarçando o tecido social.
Compromisso com a Estabilidade Social: o Progressistas defende a manutenção e o fortalecimento da rede de proteção social e, portanto, dos programas sociais. Acredita que se deve buscar sempre controles que garantam que os benefícios sejam carreados aos verdadeiros necessitados, mas preconiza que um país como o Brasil já alcançou um nível de desenvolvimento econômico e histórico que o habilita a decidir que não haja mais miséria dentro de suas fronteiras.
Ao mesmo tempo, se estabilidade social só pode ser alcançada dentro de uma sociedade que tenha assegurada a estabilidade econômica e conte com uma ampla rede de proteção social, propugnamos que o Brasil posicione, urgentemente, a questão da segurança pública no topo das suas prioridades. Todas as medidas de amplo espectro que coloquem a segurança dos cidadãos como um programa consistente terão apoio do Progressistas. Os brasileiros e brasileiras merecem recuperar o direito inscrito na Carta Magna que assegura a liberdade de ir e vir para todos.
Compromisso com as Garantias Fundamentais: o Progressistas se posiciona de forma incondicional em defesa das garantias e dos direitos individuais, da expressão e da liberdade de empreender.
As eleições de 2018 ocorreram num contexto histórico desafiador, após alguns anos de abalos políticos em sucessão.
No contexto das eleições presidenciais, o eleitor claramente enviou um recado ao país: quer tomar sua decisão sem que qualquer outro aspecto, que não os candidatos, sejam levados em consideração como critério de escolha. Isso significa que o eleitor quer o silêncio e o palco vazio de qualquer ruído ou informação que interfira na sua reflexão sobre qual candidato escolher.
Tendo a clara compreensão dessas circunstâncias especiais que vivem a política e o País, o Progressistas adotará uma postura de absoluta isenção e neutralidade no segundo turno das eleições presidenciais. Faz convicto de que essa é a melhor contribuição que pode oferecer ao debate, em que os cidadãos e cidadãs demonstraram querer se ater a um olhar aos projetos e às personas dos candidatos, deixando todas as demais variáveis em segundo plano.
O Progressistas estará disposto a colaborar com o futuro governo em todas as agendas coerentes e resolutivas que sejam capazes de enfrentar e encaminhar a solução para os grandes problemas que o País precisa solucionar, para o bem de seu povo e em nome do futuro de nossa Nação.
Senador Ciro Nogueira
Presidente do Progressistas
Semana de definições
Veja o coronograma:
Rede - A executiva nacional da Rede Sustentabilidade, legenda de Marina Silva, tinha reunião marcada na noite desta segunda-feira para debater a posição oficial, informou a assessoria do partido. Oitava colocada na disputa pela Presidência com 1% dos votos válidos, a ex-senadora afirmou após a confirmação do resultado do primeiro turno que estará na oposição "independentemente de quem seja o vencedor". Indagada se apoiará Bolsonaro ou Haddad no segundo turno, ela afirmou que ainda discutirá o assunto com os correligionários da Rede. O candidato a vice na chapa de Marina, Eduardo Jorge (PV), também disse que o partido ao qual é filiado vai se reunir para avaliar se apoiará algum candidato no segundo turno.
DC - O partido Democracia Cristã (DC), de Eymael, começou a debater eventual apoio nesta segunda-feira. Apesar de Eymael ter obtido somente 41.710 votos (0,04% dos votos válidos) no primeiro turno, ele fez várias reuniões por teleconferência nesta segunda-feira com os dirigentes dos diretórios regionais da legenda, informou a assessoria da sigla. A previsão do partido é de que o DC tome uma posição sobre o segundo turno até esta terça (9).
PSDB - A executiva nacional do PSDB, legenda de Geraldo Alckmin, vai se reunir na tarde desta terça, na sede da sigla em Brasília, para definir a posição dos tucanos. Em São Paulo, o candidato do PSDB ao governo paulista, João Doria, afirmou no domingo mesmo que votará em Bolsonaro.
PDT - O presidente do PDT, Carlos Lupi, afirmou ao G1 que a sigla de Ciro Gomes discutirá um "apoio crítico" a Haddad na fase decisiva da eleição presidencial. O dirigente também descartou a possibilidade de apoio à candidatura de Bolsonaro. Na noite de domingo, ao ser questionado sobre sua posição no segundo turno, Ciro excluiu a hipótese de estar ao lado do candidato do PSL: "Ele não, sem dúvida". “Estamos começando a conversar [sobre a posição do partido no segundo turno]. O que jamais faremos é apoiar o Bolsonaro. Uma das sugestões em análise é dar um apoio crítico ao Fernando Haddad”, declarou Lupi.
Novo - O candidato do Novo à Presidência, João Amoêdo, disse no domingo que o diretório nacional da sigla discutirá eventual apoio a Bolsonaro ou Haddad na última fase do eleição. Ele adiantou, entretanto, que, na opinião dele, o partido não vai apoiar o petista. A assessoria do Novo disse que ainda não há previsão para a data da reunião.
MDB - Comandado pelo senador Romero Jucá, derrotado na tentativa de reeleição ao Senado, o MDB, de Henrique Meirelles, deve se reunir até o final da semana para articular a posição no segundo turno. De acordo com a assessoria da legenda, o assunto será discutido a partir de quarta-feira (10), quando Jucá retornará para Brasília. Ele está em Roraima, onde fez campanha nos últimos meses para tentar manter a cadeira que ocupa há 24 anos no Senado.
Podemos - A assessoria da campanha de Alvaro Dias, do Podemos, informou que ainda não há previsão de quando os dirigentes do partido irão se reunir para discutir quem apoiarão no segundo turno.
PSTU - O PSTU, de Vera Lúcia (55.762 votos no primeiro turno), anunciou que vai discutir até quarta-feira (10) a posição pública da legenda por meio de plenárias em todos os estados para debater com a militância. Segundo a assessoria do partido, o PSTU pode indicar voto e Haddad e se posicionar contra o Bolsonaro, porém, sem apoio político-programático com o PT. A decisão será anunciada na quinta (11).
PPL - O Partido Pátria Livre, legenda de João Goulart Filho, irá se reunir na tarde desta terça, em Brasília, para tratar do segundo turno. O filho do ex-presidente João Goulart foi o último colocado na corrida presidencial, com 30.176 votos, correspondentes a 0,03% dos votos válidos.
Da Redação
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