Sabemos que é importante comemorar a inclusão de um debate como a questão de gênero numa prova como o ENEM. Precisamos desse tipo de debate desde cedo, precisamos melhorar a discussão nas escolas desde o ensino fundamental. Precisamos discutir o ensino e a educação do país, e também, o método de ingresso às faculdades públicas, já que os mais bem preparados e que geralmente acabam ingressando são aqueles que têm condições de pagar (e caro) por um ensino de qualidade.

Pela média nacional (84/hora), desde a divulgação do tema da redação do ENEM o Disque 180 recebeu 336 denúncias de violência contra a mulher. O tema não foi simplesmente "Violência contra mulher", mas "A Persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira". A palavrinha pra mim faz toda a diferença. Mesmo depois da criação da Lei Maria da Penha, mesmo com tanta feminista pelo mundo, porque com tanta campanha educativa, porque Persistimos na violência contra a mulher? Porque não avançamos? Onde vai a raiz disso? Infelizmente no nosso sistema educacional só se estuda o que "cai na prova".

Para a ativista Maria da Penha que deu nome à lei, elogiou o conteúdo dos textos de apoio da prova de redação, que levantaram uma série de dados sobre a violência contra a mulher: números históricos sobre assassinatos de mulheres, tipos de violências mais denunciados no Disque 180, que, segundo o levantamento divulgado na prova, já recebeu 237 mil relatos de agressão contra mulheres, a questão sobre o feminicídio e estatísticas sobre a aplicação real da Lei Maria da Penha, que está perto de completar dez anos.  

A proposta central seria a de investir na educação para conscientizar as pessoas de que as mulheres, em seus relacionamentos, têm que ter seus direitos humanos respeitados. A educação trabalha nesse sentido, do respeito ao outro", explicou ela. "E também que haja uma mudança da cultura machista, com a criação das políticas públicas onde a mulher possa denunciar, possa ser protegida, e o seu agressor possa ser punido. A finalidade da lei é exatamente punir o agressor. A gente não quer punir o homem, a gente quer punir o homem que não respeita sua mulher." finalizou Penha. (trecho da entrevista da Maria da Penha após ser informada do tema a redação do ENEM).