Neste sábado, dia 8 de fevereiro, a tragédia no Ninho do Urubu completa um ano. As investigações da polícia civil do Rio de Janeiro ainda estão em curso, depois que o Ministério Público devolveu o inquérito por duas vezes, a última no dia 19 de dezembro, para a apuração de novas informações. Possíveis culpados pelo incêndio que deixou dez adolescentes mortos e três feridos ainda não foram apontados, tampouco qual será o enquadramento jurídico.
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A expectativa é de que este mês a polícia entregue o inquérito pela terceira vez ao MP. De acordo com a 42ª DP (Recreio dos Bandeirantes, Rio de Janeiro) novas diligências estão sendo feitas.
- Esse inquérito vai ser encaminhado pelo promotor responsável pelo caso, vindo da delegacia, e o promotor vai analisar e verificar se há a hipótese de oferecer a denúncia nesse caso - disse Pedro Rubim, promotor do Ministério Público.
Em junho, foram indiciados por dolo eventual o ex-presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello, e outras sete pessoas, incluindo engenheiros do clube e da empresa "NHJ", responsável pelos contêineres, além de um técnico de refrigeração. O fogo no alojamento no Ninho começou em um aparelho de ar condicionado.
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Vice geral e jurídico do Flamengo, Rodrigo Dunshee disse em vídeo divulgado pelo clube que a tragédia foi um acidente, e reconheceu a responsabilidade do clube de indenizar a família das vítimas.
- O Flamengo reconhece que tem responsabilidade, independente de culpa. De tudo que vimos, nos aparenta ter sido um lamentável acidente. Mas temos responsabilidade como guardiões dos adolescentes. Não é que estejam demorando (investigações), eles estão se esforçando para chegar a uma conclusão. Nós achamos que está chegando ao fim. Não cobramos nada porque sabemos que está sendo feito com esmero e atenção - disse o dirigente.
Neste mesmo vídeo, ao lado do presidente Rodrigo Landim e do CEO Reinaldo Belotti, Dunshee afirmou ainda que o Flamengo vai esperar a conclusão das investigações para avaliar a necessidade de ações internas. Veja a íntegra das declarações dos dirigentes no vídeo abaixo.
- No Flamengo fazemos investigações internas para pequenas infrações. Essa situação é enorme e importante, que está sendo vista pela polícia e justiça. No dia que concluírem, tirarem as conclusões, apontarem as causas e eventuais culpados, aí o Flamengo vai se manifestar internamente. Não seria correto intervir em uma questão que ainda está nas mãos das autoridades.
Quais informações adicionais deseja o MP?
O Ministério Público deseja que a polícia intime a CBF e Federação de Futebol do Rio de Janeiro (Ferj) a fornecerem informações sobre a concessão do certificado de clube formador ao Flamengo. Na ocasião do incêndio, o presidente da CBF era Marco Polo Del Nero. O clube conseguiu o certificado em 2015, quando a Ferj informou que todas requisitos haviam sido atendidos. A ideia é entender os motivos para a aprovação.
Há também um pedido para que a polícia peça explicações para a empresa "NHJ do Brasil" sobre a venda e fornecimento de contêineres para o Flamengo. Com base em informações do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do RJ (Crea-RJ), a "NHJ Brasil Container´s" encerrou suas atividades no dia 17/03/2014 e não poderia comercializar esse produto.
Após as novas diligências, a polícia vai devolver este mês o inquérito ao MP.
Os indiciados:
- Danilo da Silva Duarte, engenheiro da NHJ;
- Edson Colman da Silva, técnico em refrigeração;
- Eduardo Bandeira de Mello, ex-presidente do Flamengo;
- Fábio Hilário da Silva, engenheiro da NHJ;
- Luis Felipe Pondé, engenheiro do Flamengo;
- Marcelo Sá, engenheiro do Flamengo;
- Marcus Vinícius Medeiros, monitor do Flamengo;
- Weslley Gimenes, engenheiro da NHJ.
Da Redação
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