Natal, Rio Branco, Curitiba, Cuiabá, Belo Horizonte e Florianópolis tinham mais 90% dos leitos de UTI ocupados na segunda (6). Uma semana antes, apenas Natal e Rio Branco superavam esta marca.Os dados mostram um agravamento do cenário em capitais que vinham tendo números baixos na ocupação de leitos até o início de junho e um deslocamento do epicentro da doença para as regiões Sul e Centro-Oeste.
Curitiba está entre as capitais em estado mais crítico. A capital paranaense tinha na segunda apenas 18 vagas em leitos para adultos e uma UTI disponível no setor infantil. Com ocupação de 92%, o prefeito Rafael Greca (DEM) anunciou a abertura de novos leitos nos próximos dias.
A situação é semelhante em Florianópolis, que já foi considerada exemplo no combate ao vírus e ficou cerca de um mês sem registrar mortes pela Covid-19. Agora, com 90% dos leitos ocupados, está perto do colapso do sistema de saúde.
"Essa definição não é nossa, é um consenso mundial sobre o que se entende sobre colapso do sistema", afirma o secretário municipal de saúde, Carlos Alberto Justo da Silva. A projeção da prefeitura é de um período mais crítico entre 15 de julho e 15 de agosto.
Dos 203 leitos, 146 estão ocupados e 39 indisponíveis, sem operar por situações como equipamentos quebrados, troca dos pacientes e equipe contaminada. Entre os leitos ocupados, apenas 15 pessoas são de Florianópolis, o que aponta para uma pressão das cidades do interior sobre o sistema de saúde da capital.
Outro estado que enfrenta um crescimento acelerado da ocupação leitos é Mato Grosso, onde a ocupação de UTIs chegou a 93% na segunda. O cenário se repete na capital Cuiabá, onde havia 40 leitos para Covid-19 sob gestão estadual, 37 deles ocupados.
Para tentar frear o avanço da doença, a capital do estado instalou quatro barreiras sanitárias que entraram em funcionamento nesta quarta (8), com o objetivo de medir a temperatura de motoristas e passageiros, que responderão a questões sobre procedência e motivo do deslocamento.
Se tiverem algum sintoma, as pessoas serão orientadas a procurar unidade de saúde ou pronto-atendimento. As barreiras funcionarão até o dia 14.
Em Belo Horizonte, com 345 leitos de UTI para Covid na rede municipal, a ocupação é de 91%. A demanda na rede de saúde foi um dos fatores que levaram a capital a recuar na reabertura.
Do início de março até o último domingo, Belo Horizonte teve 1.067 pedidos de internação de UTI para Covid-19, sendo 29% de moradores de outras cidades. Em junho, foram abertos 111 leitos de UTI e, nos seis primeiros dias de julho, outros 14.
Minas Gerais, que não divulga quantos leitos são ocupados por pacientes com Covid-19, conseguiu baixar a taxa de ocupação de UTIs no SUS de 88%, na semana passada, para 68%. O estado alterou a metodologia para apurar a taxa de ocupação de leitos.
Cinco das 14 macrorregiões de saúde têm ocupação entre 70% e 90%, entre elas as regiões de BH e Uberlândia. Nesta última, a ocupação de UTIs na rede municipal na terça era de 97%, com apenas dois leitos disponíveis.
Entre as capitais do Nordeste, Natal segue enfrentando o pior cenário. Na terça (7), dos 60 leitos de UTI para Covid-19 da rede pública estadual da capital, havia apenas dois disponíveis.
No Rio Grande do Norte, a taxa de ocupação de UTIs cresceu de 83% para 85% em uma semana. O avanço na ocupação fez a governadora Fátima Bezerra (PT) cancelar o início da segunda fase do cronograma de reabertura.
Salvador e Aracaju também têm cenário preocupante. Na capital baiana, a ocupação dos leitos de terapia intensiva chegou a 81% nesta semana.
No interior da Bahia, houve crescimento dos casos, com pressão no sistema público de saúde, em cidades como Feira de Santana e Juazeiro. Ambas tinham reaberto o comércio e serviços como salões de beleza, mas tiveram que recuar.
Em Aracaju, onde estão 125 dos 188 leitos públicos de UTI para atender casos relacionados à pandemia, a taxa de ocupação é de 88%. Em algumas unidades, como Hospital de Cirurgia e Hospital do Coração, ela chegou a 100%.
Outro estado nordestino com crescimento de casos é o Piauí, onde a ocupação dos leitos de UTI chegou a 84% nesta semana. Na capital, Teresina, a ocupação está em 75%, incluindo leitos privados.
Alecio Rodrigues
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