A Escola de Canoagem Iporanga retomou, nesta terça-feira (19), as atividades que estavam suspensas há 34 dias por conta da morte de Lívio Claudinei Sales Santos, que desapareceu após cair nas águas da Barragem do Bezerro, em José de Freitas, a 38 km de Teresina.
O jovem tinha 15 anos de idade e estava voltando do treino de canoagem com o técnico e outros quatro atletas quando ocorreu uma forte ventania que resultou na sua queda e desaparecimento.
O projeto Iporanga surgiu em 2018 e tem como objetivo ensinar a modalidade canoagem para crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social.
Raimundo Soares, de 17 anos, é um dos alunos beneficiados pelo projeto. Ele estava com Lívio quando aconteceu o acidente, e relata que nas voltas aos treinos o que mais lhe perturba é o medo de voltar à "água".
"Foi muito complicado. O Lívio era muito querido e por isso é difícil. Ele era mais experiente e se aconteceu com ele... Temos medo", contou.
Outro aluno que voltou às práticas nesta terça foi Ivan Costa, de 15 anos, que cresceu com Lívio e é aluno do projeto há três anos. Ele relatou que mesmo com o medo e o luto pela perda, voltou a treinar, pois seu maior desejo é "honrar seu amigo".
"Lívio era meu amigo. Entrei aqui com ele e treinava com ele sempre. Fomos criados juntos, mas o que eu mais quero é treinar e conquistar aquela medalha que ele sempre sonhou", relatou o jovem.
Segundo o presidente da Iporanga, Edvan Lopes, nenhum aluno ou coordenador voltou para a barragem desde a tragédia.
Ele contou que antes do início dos treinos, todos os alunos tiveram acompanhamento psicológico e um treinamento de primeiros socorros junto ao Corpo de Bombeiros.
"Nós fizemos um acompanhamento com os alunos para verificarmos os mais afetados pelo caso. Fomos ao Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) e acompanhamos todos os alunos junto aos pais. Com isso, fizemos também um treinamento no Corpo de Bombeiros", informou.
Ainda segundo o presidente, a volta aos treinos será apenas para a adaptação psicológica e treinos em terra. As aulas práticas na Barragem do Bezerro ainda devem ser analisadas.
"Ainda temos que falar com o outro professor para definirmos sobre as aulas em águas. Ele também permanece abalado e tudo é um processo lento", finalizou.
Para Tatiana Alves, mãe de três alunos do projeto, a volta aos treinos, mesmo com a dor da recente perda, são importantes pois a vontade de "honrar Lívio" se mostra maior.
"É um momento difícil, mas a volta é necessária. Foi um mês complicado, mas o que meus filhos mais falam é que querem e precisam continuar para, assim, honrar o amigo e eu apoio isso" , contou com emoção.
Juarez Alexandre é vice-presidente do projeto e conta que sente dor ao ver todas as canoas paradas. Ele disse que a escolinha agora ganhou um significado especial e que eles remam pelo Lívio.
"Eu tenho uma filha que faz canoagem e isso torna tudo ainda mais difícil. A gente quer continuar porque o Lívio agora será representado por nós", disse.
Fonte: G1 Piauí
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