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  03:20

Por que o litoral do Piauí foi tomado por milhares de caravelas-portuguesas?

 Águas-vivas em Luís Correia, litoral do Piauí — Foto: Luís Gustavo Graça / TV Clube

Mais de 40 pessoas, incluindo crianças e adultos, sofreram queimaduras causadas por caravelas-portuguesas nas praias de Luís Correia, no Piauí no último final de semana, quando milhares delas cobriram a faixa de areia.

Segundo o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) da cidade, foram registrados 32 atendimentos no sábado (21), e mais de 15 no domingo (22) de banhistas relatando queimaduras provocadas pelas caravelas.

O que são as caravelas portuguesas?

As caravelas-portuguesas são um tipo de cnidário, e seu nome científico é Physalia physalis.

As caravelas são formadas por duas partes: uma com os longos tentáculos e outra parte que flutua. São pequenas bexigas que ficam na superfície da água, e são empurradas pelo vento, como os barcos que lhe deram nome, enquanto os tentáculos ficam afundados na água.

Apesar da beleza, essa espécie marinha é uma das mais perigosas presentes no Brasil, e também a que causa mais acidentes, quando banhistas tocam nos tentáculos.

O veneno da caravela-portuguesa fica concentrado nos tentáculos do animal. E o contato com a pele humana provoca dores muito fortes, queimaduras que podem ser até de terceiro grau, que se assemelham a marcas de chicotes.

Quando chega à areia, as caravelas morrem. Mas atenção: mesmo assim elas continuam causando queimaduras.

Segundo a bióloga Liliana Souza, o aparecimento das caravelas-portuguesas nas praias do Piauí é comum nesta época do ano, mas não essa quantidade. Para ela, o caso pode ser resultado das mudanças climáticas e da poluição.

Porque tantas caravelas apareceram no Piauí?

A bióloga Liliane Souza explicou ao g1 que o surgimento desses animais nas praias é comum todos os anos, nessa mesma época. Mas não na quantidade vista nos últimos dias.

Segundo ela, as mudanças climáticas, que elevaram a temperatura da água do mar, podem ter aumentado a reprodução das caravelas, causando a formação de uma grande população.

"Estamos vivendo uma crise climática, que 'favorece' algumas situações dessas. No período reprodutivo, a temperatura mais alta das águas intensifica a reprodução", explicou.

Outro fenômeno que contribuiu foram os fortes ventos que atingiram a região nos últimos dias, e causaram uma ressaca na última terça-feira (17), quando mais de 15 barracas foram destruídas pelas ondas.

Liliana explicou também que o avanço da maré sofre influência da lua, mas também é consequência da intervenção humana na natureza.

"A erosão marinha, que causa esse intenso avanço, ocorre em virtude da retirada da vegetação costeira e a ocupação irregular. A praia está na foz de um estuário, e isso aumenta a ação da natureza", explicou a bióloga.

O que fazer em caso de queimaduras?

Mais de 40 pessoas foram vítimas de queimadura por águas-vivas no litoral do Piauí em 24 horas — Foto: Reprodução

A primeira orientação em caso de queimaduras causadas por caravelas-portuguesas é lavar o local do ferimento com água do mar, e nunca usar água doce na queimadura, bem como "receitas" alternativas mais conhecidas, como urina ou café.

Veja abaixo a lista de orientações, da bióloga Liliane Souza:

•Lavar o local abundantemente com água do mar;

•Nunca lavar com água doce
Não esfregar (risco de espalhar a toxina e aumentar o tamanho da lesão);

•Usar um objeto para retirar com muito cuidado os tentáculos que ficarem presos à pele, como uma pinça, um palito de picolé ou um cartão;

•Levar para casa uma garrafa com água do mar, para continuar lavando o local;

Equipes do Corpo de Bombeiros estão nas praias de Atalaia, Coqueiro, Peito de Moça, Itaqui, Arrombado, Carnaubinha, Maramar e Macapá para alertar as pessoas e os donos de barracas da situação.

De acordo com a técnica de enfermagem Jaquelline Soares, do Samu, esses animais estão tanto dentro da água quanto na areia da praia, devido a isso é preciso atenção e cuidado. Ela usou as redes sociais para pedir que os banhistas fiquem longe das praias.

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