Nesta semana, um vídeo postando nas redes sociais, mostra um ritual de religiões de matrizes africanas na mata da Serra de Santo Antônio, em Campo Maior, a 82 Km de Teresina. As imagens foram registradas durante uma coleta botânica pelo biólogo e professor Ernandes Leite e gerou bastante opniões. (Veja o vídeo no final da matéria)
De acordo com as imagens feitas no dia 12 de outubro de 2024, o “despacho”, como é conhecido popularmente, incluía bebidas alcoólicas, bombons, brinquedos e uma casa pequena com dois cifres de bode no telhado.
Questionado pela reportagem sobre o que pode causar ao meio ambiente, o biólogo Ernandes respondeu que não existe na lei de crimes ambientais, um artigo específico para esse ato em si, mas a lei é clara, praticar quaisquer tipo de poluição que coloque em risco a biodiversidade é crime. “O vidros das bebidas, fogo das velas podem causar um incêndio”, disse.
O que fazer ao ver uma oferenda?
A reportagem também conversou com um umbandista, que prefere o anonimato, para orientar no que se deve fazer ao ver um despacho.
Ele disse à reportagem que pode acontecer algo se você mexer, como também não pode. “Existe uma diferença entre despacho ou oferenda. Despacho é quando vc deixa algo na rua, quando faz alguma demanda para alguém, onde geralmente são despachados em encruzilhadas, de baixo de árvores ou em outros locais”, disse. Ainda de acordo com ele, tem certos despachos que você não pode mexer, e outros já podem, já que não foram feitos para lhe atingir, mas é preciso ter uma noção de quando foi feito.
Já oferendas são um sacrifício ritualístico, em que, assim como em outras religiões, os praticantes se desfazem de um bem material em homenagem a um orixá ou entidade espiritual.
Segundo ele, o material encontrado pelo biólogo na Serra de Campo Maior, trata-se de uma oferenda. “Aí no caso já é um local certo para oferenda de Exu”, informou.
Os objetos são recolhidos?
Há um ano, o pai de santo Nilton de Ogum, disse em entrevista ao Tributo de Minas que não faz parte da cultura da religião a obrigatoriedade de quem fez, ir lá retirar. “A oferenda é uma oração e a entidade vai pegar a energia que está ali”, conta. Depois, principalmente em vias públicas, o material tem que ser retirado.
Para Karla t’Yemonjá, matriarca do terreiro – Ilê Asé Yemonjá atì Odé, a forma correta para retirar o material é o respeito. “O certo é pedir licença”, comenta, como forma de respeitar a oração. Mas há os impasses, ela lembra, “tem gente que realmente faz, não é da religião e trabalha na limpeza urbana, às vezes são pessoas que não ligam, ‘estou fazendo o meu trabalho e vou levar’, tem gente que não pega, que não põe a mão porque a religião não permite”, descreve.
VEJA O VÍDEO
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