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  14:26

Arroz envenenado: entenda os motivos que levaram à prisão de padrasto por envenenamento de família no PI

 Foto: Tv Clube

Francisco de Assis Pereira da Costa é, segundo a Polícia Civil do Piauí, o principal suspeito de envenenar a família da sua esposa em Parnaíba, no litoral do estado. Quatro pessoas morreram e outras cinco, incluindo ele, foram hospitalizadas. Entenda, a seguir, os motivos que levaram à prisão temporária dele:

Versões diferentes e contradições

Segundo o delegado Abimael Silva, Francisco deu pelo menos três versões diferentes dos acontecimentos que antecederam o crime. Além disso, os depoimentos das outras pessoas da família contradiziam as declarações dele.

"Ele primeiro disse que não tinha chegado perto da panela, depois disse que tinha chegado, depois disse que não tinha orientado ninguém a usar o arroz, essas informações entram em contradição com os demais depoimentos, que estão em consonância", afirmou o delegado.

Segundo a polícia, a suspeita é de que o envenenamento aconteceu após a ceia de réveillon, entre os dias 31 de dezembro de 2024 e 1º de janeiro de 2025. Primeiro, o arroz baião de dois foi preparado por uma das filhas da esposa do homem, Maria dos Aflitos. Todos comeram e ninguém sentiu sintomas.

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Último a dormir na véspera do ocorrido

Conforme os depoimentos, Francisco foi o último a ir dormir depois da festa, por volta das 4h da madrugada. Ele ficou responsável por fechar a residência. Para a polícia, o suspeito pode ter aproveitado esse momento para colocar o veneno no arroz.

A entrada de alguma pessoa de fora na residência, que poderia ter cometido o crime, foi descartada pela polícia, pois segundo os depoimentos de membros da família nada foi percebido.

Onze familiares dormiam na casa, que tem apenas dois cômodos, as portas não têm trancas, mas são isoladas com cadeiras e pedras. Além disso, o delegado Abimael Silva afirmou que os moradores se distribuíam pela casa, podendo perceber alguma movimentação.

Ordenou que arroz fosse reutilizado

Na manhã seguinte ao réveillon, o baião foi requentado por ordem de Francisco, para ser consumido no almoço do dia 1º de janeiro. Depois desse almoço, as vítimas começaram a sentir os efeitos do veneno terbufós, conforme apontado por laudo do Instituto de Medicina Legal (IML).

O produto químico é altamente tóxico, usado em pesticidas e na composição do chumbinho. A venda dele é proibida no Brasil. Ao ser consumido por humanos, ele ataca o sistema nervoso central e a comunicação entre músculos.

O veneno causa tremores, crises convulsivas, falta de ar e cólicas. Os efeitos aparecem pouco tempo depois da exposição à substância podem deixar sequelas neurológicas e causar a morte.

Veja, abaixo, quem ingeriu o alimento:

•Manoel Leandro da Silva, de 18 anos (enteado de Francisco de Assis) - morto;

•Igno Davi da Silva, de 1 ano e 8 meses (filho de Francisca Maria) - morto;

•Lauane da Silva, de 3 anos (filha de Francisca Maria e irmã de Igno Davi) - morta;

•Francisca Maria da Silva, de 32 anos (mãe de Lauane e Igno Davi e irmã de Manoel) - morta;

•Uma menina de quatro anos (filha de Francisca Maria e irmã de Lauane e Igno Davi) - internada em Teresina;

•Uma adolescente de 17 anos (irmã de Manoel) - recebeu alta;
Maria Jocilene da Silva, de 32 anos (vizinha) - recebeu alta;

•Um menino de 11 anos (filho de Maria Jocilene) - recebeu alta.

Manoel Leandro foi o primeiro a morrer, antes mesmo de chegar ao hospital, na ambulância. Nos minutos seguintes, as demais vítimas começaram a passar mal e foram para o Hospital Estadual Dirceu Arcoverde (Heda).

Incerteza sobre a intoxicação dele

Francisco relatou ter sentido os sintomas mais de três horas depois. Ele contou à TV Clube que sentiu suor frio e tremores após prestar depoimento o primeiro depoimento à polícia. Em seguida, ele foi atendido no Heda, mas teve alta no mesmo dia.

A polícia acredita, com base nos depoimentos que ele não chegou a ingerir o alimento, apenas simulou que iria comê-lo, colocando-o no prato, ou que ele ingeriu em pequena quantidade. Para comprovar a teoria, a polícia aguarda o resultado dos exames de sangue e urina do suspeito, que poderão apontar se houve ingestão do veneno.

Francisco, que nega ter cometido o crime, afirma que os exames mostraram que ele também foi vítima.

Nojo e raiva da enteada

Após a prisão, a polícia destacou a forma como padrasto se referia aos enteados, principalmente a Francisca Maria e aos filhos dela, dos quais dois morreram e uma permanece hospitalizada.

"Ele revelou, bem como as enteadas, que o relacionamento entre eles era conturbado, para dizer o mínimo. Ele não falava com nenhum dos filhos da esposa e tinha um sentimento de ódio específico em relação à Francisca Maria, mãe das crianças", informou o delegado Abimael Silva.

"Esse sentimento de ódio era tão grande que mesmo com ela no leito da morte, ele não conseguia esconder isso no depoimento dele. Ele disse que quando olhava para ela sentia nojo e raiva. Isso são palavras dele no depoimento dele", completou o delegado.

Investigação em andamento

A polícia ressaltou que a investigação ainda está em andamento. "Não estamos dizendo que ele é o culpado, que ele cometeu o crime. É provável que ele seja, mas não se deve antecipar o julgamento", pontuou o delegado Williams Pinheiro.

Outro envenenamento na família

Em agosto, dois meninos da mesma família, de 7 e 8 anos de idade, morreram depois de comerem cajus também envenenados. A polícia, no entanto, até o momento, não vê relação com o episídio do dia 1º de janeiro. Uma vizinha que tinha dado o caju para as crianças está presa por homicídio duplamente qualificado.

Fonte: G1

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