Um judeu ultraortodoxo esfaqueou pelo menos seis pessoas que participavam da parada do orgulho gay em Jerusalém nesta quinta-feira (30). Duas das vítimas foram gravemente feridas.
O suposto autor do ataque, Yishai Schlissel, que foi preso no local, acabara de ser libertado após cumprir pena por um crime semelhante em 2005 —quando também feriu, a facadas, três pessoas que participavam da parada gay anual.
Segundo testemunhas, os cerca de 5.000 participantes da marcha seguiam por uma avenida quando Schlissel, que estava escondido em um supermercado, saltou em direção à mu"Vi um jovem ultraortodoxo esfaqueando todos em seu caminho", contou Shai Aviyor, testemunha entrevistada pelo canal de televisão israelense Channel 2. "Ouvimos pessoas gritando, todos correram para se proteger, e havia pessoas ensanguentadas no chão", afirmou Aviyor.
O médico Hanoch Zelinger, que prestou os primeiros socorros no local, disse que uma mulher foi esfaqueada nas costas, no peito e no pescoço, e caiu no chão inconsciente.
O porta-voz da polícia de Jerusalém, Asi Ahroni, afirmou que havia uma "presença maciça" de policiais durante a parada, mas que, "infelizmente, o homem conseguiu retirar uma faca e atacar".
Segundo a Associated Press, a marcha seguiu após os feridos serem retirados, mas com um clima mais "sombrio". A imprensa local disse que milhares de moradores que não estavam inicialmente na parada se juntaram à multidão em solidariedade.
TENSÃO
A parada de Jerusalém, onde a população religiosa é mais proeminente do que em outras partes de Israel, é bem menor e mais restrita que a marcha anual em Tel Aviv, que reuniu cerca de 100 mil pessoas no mês passado.
Este tipo de evento sempre foi um foco de tensão entre a maioria secular do país e a minoria ultraortodoxa.
Antes da parada, nesta quinta, um representante do grupo de extrema-direita Lehava disse ao jornal "The Jerusalem Post" que sua organização considera a homossexualidade tão grave como "roubar um banco" e que acredita que ela está destruindo a nação judaica.
Após o ataque, no entanto, líderes de partidos ultraortodoxos, condenaram a ação, assim como autoridades israelenses.
"Pessoas celebrando sua liberdade e expressando sua identidade foram esfaqueadas de forma cruel. Não podemos nos enganar: a falta de tolerância vai nos levar a um desastre. Não podemos permitir crimes como esses, e precisamos condenar aqueles que os cometem e os apoiam", disse o presidente de Israel, Reuven Rivlin.
O primeiro-ministro Binyamin Netanyahu classificou o ataque como "um incidente dos mais sérios".
Apesar da hostilidade dos ultraortodoxos, Israel é visto como um país com políticas mais liberais sobre gays.ltidão e apunhalou seis pessoas.
Fonte: Folha de S.P
Por Otávio Neto
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