Facebook
  RSS
  Whatsapp

  15:35

Piauiense que vive em Israel relata momentos de tensão com o conflito entre o país e a Palestina

O fogo cruzado entre forças israelenses e palestinas continua a se intensificar e as Nações Unidas temem uma "guerra em grande escala"

 Com Informações: Meio Norte

“Oi. Não dá para falar agora. Estão jogando (bomba) em Tel Aviv”. Essa foi a primeira resposta que a fotógrafa piauiense Nayla Désiréé, 28 anos, deu após ser abordada pela reportagem do portal Meio Norte, para falar sobre o conflito entre forças israelenses e palestinas, que já dura quase dez dias. “Quando estiver mais calmo, eu falo com você”, completou a mensagem.  Isso era 8h06, no horário de Brasília – 14h06 por lá, desta quarta-feira, dia 13 de maio, seguiram-se momentos de angústia e apreensão. 

Cerca de quatro horas depois a situação ficou mais “calma”. “Sim, agora está tudo mais calmo. Está sendo assim estes últimos dias. Volta e meia a sirene toca e temos que ir pro bounker (estrutura ou reduto fortificado, parcial ou totalmente subterrâneo, construído para resistir aos projéteis de guerra)”, justificou Nayla, explicando que em Israel a maioria das residências contam com esse tipo de abrigo. “(apartamento de) Minha amiga foi atingida essa noite. Sorte que estava no bounker. Mas, o local ficou todo destruído”. 

Natural de Teresina, Nayla mora há oito meses em Israel, na cidade de Ramât Gan, de 160 mil habitantes, e que fica ao lado de Tel Aviv, considerada o maior polo cosmopolita israelense. Ela é casada com um francês judeu e tem dois filhos ainda crianças, um de dois e outro de cinco anos de idade. Ela está fora do Brasil há dez anos e já morou na França e Portugal, antes de se estabelecer em Israel, com a família. E apesar deste novo fogo cruzado, depois de sete anos de trégua, ela considera o local tranquilo para viver.

“Eu mesmo com os ataques não estou em pânico. Israël tem o dome de ferro (escudo anti-aéreo), um sistema que intercepta os mísseis no ar. Embora tenha havido algumas falhas, pois Gaza está lançando mísseis em grandes quantidades, temos abrigos públicos, nos prédios ou individuais nos próprios apartamentos (nas construções novas) o que é o nosso caso. Então à noite dormimos no bounker”, detalhou a piauiense, após enviar um video mostrando como é o local e como dormem. 

Piauiense relata sobre ataques em Tel Aviv (Foto: Meionorte.com)

Vídeos que circulam nas redes sociais mostram o céu de Tel Aviv iluminado de madrugada pelas explosões das interceptações dos foguetes pelo Domo de Ferro, sistema de defesa antiaérea de Israel. Em um conflito que mistura política e religião, civis, tanto israelenses quanto palestinos, pagam o preço em meio à escalada de tensão, alguns com a própria vida. Até o momento, cerca de 100 pessoas já morreram, entre as vítimas fatais estão 17 menores de idade. 

De acordo com Nayla, as vítimas são atingidas mais entre as pessoas que vivem próximo a fronteira com Gaza. “Os mísseis saem de lá até Tel Aviv e temos 90s para procurar um abrigo. Mas, o ideal é se abrigar em 15 segundos. Quem mora na fronteira praticamente não tem tempo pra se abrigar. Depois que a sirene para só podemos sair passados 10minutos, que é o tempo que os detritos levam a cair”, esclareceu a piauiense. Ainda assim, um foguete atingiu um prédio perto de Tel  Aviv, essa semana, deixando cinco pessoas feridas.

No entanto, como qualquer outro sistema de defesa, o Domo de Ferro não é infalível, e especialistas alertam que outras organizações com maior poder de fogo podem botar à prova sua eficácia. Militares israelenses aumentaram a presença ao longo da fronteira. As autoridades pediram aos moradores que permanecessem em casa e perto dos abrigos antibomba até novo aviso. Conflitos violentos entre a polícia e os manifestantes se espalharam pelas cidades árabes dentro de Israel. 

O Aeroporto Internacional de Israel, Ben Gurion, suspendeu todas as decolagens. Depois de disparar foguetes, desde segunda-feira à noite, uma torre residencial de 13 andares na Faixa de Gaza foi atingida por um ataque aéreo israelense e logo depois desmoronou. O prédio era usado pela liderança política do Hamas, informaram as Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês). “São situações que acompanhamos, mas é um episódio que estamos vivendo e aqui é muito seguro, por isso, apesar de tudo, Não tenho medo de jeito nenhum”, disse Nayla. 

E a tranquilidade da piauiense deve vir do fato dela ter vivido uma situação parecida, quando residia em Paris. Em 2015, ela morava em um prédio próximo da sede do jornal Charlie Hebdo, que foi vítima de um ataque terrorista islâmico. “Eu estava ao lado e vi tudo. Também fiquei assustada”, lembrou, destacando que, ainda assim, Israel ainda é o melhor lugar por onde passou. “Aqui temos tudo de qualidade. Pra você ter ideia minha filha vai entrar pra uma escola de tecnologia e robótica aos 6 anos, e gratuita”, concluiu.

Bianca Viana

Mais de Mundo