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  03:23

Explosões em sequência de pagers de integrantes do Hezbollah matam 9 e ferem 2.750 no Líbano

 Centenas de integrantes do Hezbollah ficam feridos no Líbano com explosão de pagers - Foto: Reproduções

Uma explosão em sequência de pagers — dispositivos de recebimento de mensagens comumente usados na época anterior à popularização dos celulares, matou nove pessoas e deixou 2.750 feridas nesta terça-feira (17) no Líbano, segundo o Ministério da Saúde local.

O Ministério da Saúde do Líbano informou à Reuters às 17h03 (horário de Brasília) que o número de mortos havia subido para 11 e o de feridos para 4 mil, mas voltou atrás às 17h32 desta terça.

Os aparelhos que explodiram eram usados por membros do grupo extremista Hezbollah. O Hezbollah e o governo do Líbano acusaram Israel de uma ação coordenada. O governo israelense ainda não havia se manifestado até a última atualização desta reportagem.

Segundo a agência árabe Al Jazeera, as explosões dos pagers foram coordenadas e provocadas por explosivos implantados previamente nos equipamentos.

Os pagers foram um meio de comunicação móvel desenvolvido nas décadas de 1950 e 1960 que se popularizou durante as décadas de 1980 e 1990, antes do crescimento do uso de celulares. No Brasil, eles ficaram conhecidos como "bipes".

Para se comunicar com alguém, a pessoa precisava ligar para uma central telefônica e informar a um atendente para qual número ela gostaria de enviar uma mensagem —o conteúdo deveria ser curto.

No caso desta terça no Líbano, há a suspeita de que os dispositivos tenham sido hackeados (leia mais abaixo). O Hezbollah disse que estava apurando as circunstâncias das explosões.

Os pagers foram detonados em um intervalo de pouco mais de uma hora. Imagens das câmeras de segurança de um supermercado em Beirute registraram o momento de duas dessas explosões: uma de um homem que pagava suas compras no caixa e outra perto de uma bancada de frutas.

O Hezbollah disse ao jornal americano "The New York Times" que seis dos nove mortos pelas explosões são combatentes do grupo extremista. Segundo duas fontes de segurança ouvidas pela agência Reuters, um deles era filho de um membro do parlamento libanês, --o Hezbollah também é partido político no Líbano.

De acordo com a Al Jazeera, os pagers foram invadidos e hackeados. Esses dispositivos passaram a ser usados depois que o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, pediu a seus combatentes, especialmente os que estão na linha de frente na fronteira sul do Líbano com Israel, que parassem de usar smartphones, porque o país vizinho teria tecnologia para se infiltrar nos aparelhos.

Após as explosões desta terça, o governo libanês pediu que todos os cidadãos que possuem pagers joguem os dispositivos fora imediatamente, segundo a agência de notícias estatal do Irã Irna.

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O grupo terrorista Hamas, que trava uma guerra contra Israel na Faixa de Gaza e é aliado do Hezbollah, repudiou as explosões de pagers, às quais atribuiu aos israelenses. O Hamas também chamou o caso de "uma escalada".

A Brigada do Hezbollah no Iraque emitiu comunicado em que se colocou à disposição da divisão libanesa do grupo extremista.

O porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Matthew Miller, disse nesta terça que os EUA não estiveram envolvidos nas explosões dos pagers e que o governo americano está reunindo informações sobre o caso. O Pentágono também afirmou que os EUA não tiveram nada a ver com as explosões.

Aliado do Hezbollah, o Irã condenou fortemente as explosões de pagers, que chamou de "operação terrorista do regime de Israel", e pediu punições da comunidade internacional.

Mais de 50 ambulâncias e 300 equipes médicas

A Cruz Vermelha Libanesa diz que mais de 50 ambulâncias e 300 equipes médicas de emergência foram enviadas para ajudar na evacuação das vítimas.

O embaixador do Irã no Líbano, Mojtaba Amani, foi um dos feridos pela explosão de um pager. A informação foi confirmada pela embaixada, que informou que ele ficou levemente ferido, mas está consciente e não está em estado grave.

Um representante do Hezbollah, que falou à agência de notícias Reuters sob condição de anonimato, afirmou que a detonação dos pagers foi a "maior falha de segurança" a que o grupo foi submetido em quase um ano de guerra com Israel.

Ramy Khoury, da Universidade Americana de Beirute, acredita que o evento foi "o mais perigoso" para o Hezbollah nos últimos anos.

"Isso é altamente incomum e realmente preocupante para o Hezbollah e todos os seus aliados no Eixo da Resistência, porque significa que os israelenses têm capacidades, inteligência e ataques dessa natureza muito além do que as pessoas supunham", ressaltou Khoury à Al Jazeera.

Conflitos entre Israel e Hezbollah se intensificaram

Os conflitos entre o Hezbollah e Israel se intensificaram com o início da guerra em Gaza, após os ataques do Hamas ao território israelense, no dia 7 de outubro do ano passado.

Aliado do grupo terrorista da Faixa de Gaza, o grupo libanês disparou mísseis contra o norte de Israel e, desde então, os dois países têm trocado ataques constantes. Milhares de pessoas tiveram que ser deslocadas de cidades e vilas de ambos os lados da fronteira devido às hostilidades.

A situação piorou após a morte do chefe do Hamas Ismail Hanyieh e também do comandante do Hezbollah Fuad Shukr em Beirute, quando o Irã e os dois aliados prometeram vingança contra o governo israelense.

Pager (bipe) usado no Brasil na década de 1990 — Foto: Wikimedia Commons

 

Fonte: G1

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