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FRANCISCANOS EM CAMPO MAIOR (1899, 1941 e 1986)

 

I. (1899) Frei Mansueto Maria de Peveranza, OFM.Cap. (1857-1937) visitou o Piauí durante o Tempo das Santas Missões dos Capuchinhos da Lombardia(Itália), que atravessou os caminhos do Pará ao Ceará.

Aqui criou a Capela de Nossa Senhora de Lourdes de Campo Maior, com forte apoio popular, da elite local e do pároco Manuel Félix; e ajudou a compor parte da estrutura interna da Igreja do Rosário, antigo Templo da cidade, ampliado pelo Cônego Gastão Pereira da Silva (na década de 1920 sobre as bases deixadas pelo Frade capuchinho). Sobre a criação e rápida edificação da Capela de Lourdes, lemos no Tombo, vol. 1:

"Aos dois dias do mês de dezembro do ano do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de mil oitocentos e noventa e nove, arrebalde da cidade de Santo Antônio de Campo Maior, do Estado do Piauhy, Bispado do Maranhão, no auto denominado – Monte Video, ao lado do sul da mesma cidade, ali pelo virtuoso e muito reverendo Frei. Mansueto de Maria Peveranza, em Santas Missões por delegação do Exm.º e Revm.º Senhor Bispo Diocesano, servindo com muitas pessoas de ambos os sexos, no dia 14 do mês de novembro, próximo findo, foi por ele colocada a primeira pedra do edifício da capela de Nossa Senhora de Lourdes, por ele sugerida de acordo com o muito reverendo vigário desta freguesia Padre Manuel Félix Cavalcanti de Barros (...) Missionário Frei. Mansueto de Maria Peveranza, solenemente benzeu a mesma capela de Nossa Senhora de Lourdes, filial à igreja Matriz de Santo Antônio, com todas as formalidades eclesiásticas; sendo testemunhas a este solene ato as pessoas abaixo assinadas. Concluindo este solene ato, em seguida passou o mesmo reverendo missionário, a celebrar missa cantada na dita capela em ação de graças a Nossa Senhora de Lourdes." (TOMBO, 2/12/1899).

Se despediu de nossa cidade no final do ano 1899, partido para sua última missão no Ceará, junto às Missões de Canindé e Fortaleza, onde faleceu no Convento Sagrado Coração de Jesus em 1937.

II. (1941) Frei Patrício Seubert, OFM & Frei Estevão Röttger, OFM (1877-1955) natural de Solingen-Wald na Alemanha. Vieram durante as Missões Franciscanas Alemãs no Brasil, Norte e Nordeste. Convidados por Dom Severino, então Bispo do Piauí, para organizar e dirigir a Paróquia de Santo Antônio de Campo Maior. Por questões ainda irresolvidas, ficaram pouco menos de um ano, deixando um relatório geral da situação da paróquia. 

O relatório consta no Livro Tombo da paróquia Santo Antônio, como um anexo a missão da Província Franciscana de Santo Antônio no Piauí:

"A província franciscana de Santo Antônio no Brasil, reunida em capítulo no dia 9 de dezembro de 1940, na cidade de S. Salvador, atendendo os pedidos do Exm° e Revm° Sr. Bispo Diocesano Dom Severino Vieira de Melo, resolveu fundar uma residência da Ordem Franciscana nesta cidade de Campo Maior, encarregando-se ao mesmo tempo da cura das almas da Freguesia de Santo Antônio. Apresentou para este fim ao Exm° e Revm° Sr. Bispo Diocesano o rev. frade Patrício Seubert, OFM como Vigário, e o rev. frade Estevão Röttger, OFM como Vigário-cooperador, os quais foram nomeados para os respectivos encargos por sua Excia. Revma.

O rev. Fr. Estevão Röttger, OFM chegando a esta paróquia no dia 31 de janeiro de 1941, tomou posse da mesma em nome da província franciscana de St° Antônio no dia 2 de fevereiro do referido ano, às 8 horas da manhã, por ocasião da Missa conventual. No dia 25 de fevereiro do mesmo ano chegou o rev. F. Patrício Seubert, OFM vigário ecônomo da Igreja paroquial de Santo Antônio de Campo Maior (...)

D. Severino Vieira de Melo, por graça de Deus e da Santa Sé Apostólica, Bispo desta Diocese de Nossa Senhora das Dores do Piauí, ao Revm° Sr. Padre Fr. Patrício Seubert, OFM saúde e paz em N. S. Jesus Cristo." (TOMBO, Vol. 1, 1941).  

Na tradição popular oral, até hoje, os mais velhos, contam a história da "praga dos frades": os quais lançaram sobre a cidade antes de sua despedida, uma espécie de maldição, devido problemas graves no relacionamento e adaptação da elite campomaiorense em relação aos Frades estrangeiros. Mais detalhes sobre a famigerada querela, infelizmente não encontramos nos registros históricos escritos. 

Digno de nota, além da estadia no Piauí, os frades migraram para missões no Ceará, Pernambuco e Bahia; em especial em Pernambuco, Diocese de Pesqueira, Frei Estevão se envolveu intimamente com as Aparições Marianas de Cimbres, auxiliando o Padre Kehrle na investigação do caso das videntes de Nossa Senhora das Graças, considerado até hoje, por sua prodigiosa contribuição, "Apóstolo Mariano de Cimbres".

III. (1986) Frei João José Barbrock, OFM. Natural de Naumburg (Alemanha). Pároco na Diocese de Campo Maior da Paróquia de Nossa Senhora de Fátima de 1986 a 1993, sob o episcopado de Dom Abel Alonso Nunez, primeiro Bispo de Campo Maior. Frei Jojó (como ficou popularmente conhecido por seus paroquianos) organizou e implantou em nossa Diocese importantes projetos pastorais e grupos leigos ativos, a exemplo da Legião de Maria e da Renovação Carismática Católica.

No ano de 1988 recebeu a primeira visita de Nossa Senhora de Fátima, a imagem peregrina de Portugal (fotografia acima), juntamente com Dom Abel, Padre Silvestre, vigário da Catedral e o prefeito César Melo. Nos anos de 1998 a 2000 fez missão no Maranhão, na paróquia São Luís Gonzaga. Faleceu em 2009.  

Referências bibliográficas:

LIVRO DE TOMBO. Freguesia de Campo-Maior, 1883. Vol. 1. Arquivo Diocesano de Campo Maior-PI.

__________________. Paróquia Catedral de St.º Antônio de Campo Maior, 1987. Vol. 3. Arquivo Diocesano de Campo Maior-PI.

Dário Leno de Souza Farias. 130 anos de fé e devoção: História da Igreja de Nossa Senhora do Rosário. Teresina, 2023.

Frei Estêvão Röttger, apóstolo de Cimbres. Agência Boa Imprensa. Disponível em: https://www.abim.inf.br/frei-estevao-rottger-apostolo-de-cimbres/

Frei Eurico Löher, OFM. Franciscanos no Maranhão e Piauí: 1952 a 2007.

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