HISTÓRICO DA MATRIZ DE SANTO ANTÔNIO DE CAMPO MAIOR (1710-1962)
A formação da Matriz de Santo Antônio de Campo Maior remonta desde o princípio do século XVIII, da construção da primeira capela e elevação da Freguesia de Santo Antônio do Surubim, subordinada a princípio a Freguesia de Nossa Senhora da Vitória, Vila da Mocha (Oeiras) e por sua vez, subordinada ao Bispado de São Luiz do Maranhão.
Logo que foi pacificado o norte do Piauí (após sufocação da revolta indígena de Mandu Ladino) o Capitão-mor Bernardo de Carvalho e Aguiar (1666-1730) deu início à construção da Igreja de Santo Antônio deixando sem conclusão apenas a torre que já é do final do século XVIII, a construção da inicial capela se dá por volta de 1710/1712, a freguesia foi erigida por volta de 1711/1713 (?), e a Igreja consta ter sua conclusão somente em 1828, tendo uma reconstrução por volta de 1779.
Segundo a tradição oral, uma pequena imagem de Santo Antônio foi encontrada no tronco de uma Juremeira, próximo ao regato Surubim. No lugar foi levantada uma capela (1710); pois, dizia-se que todas as vezes que a imagem era levada do local de “aparecimento”, retornava miraculosamente ao mesmo lugar, sinalizando a vontade mística do santo.
Muito provavelmente o primeiro vigário de Santo Antônio do Surubim, foi o Padre Antônio Rodrigues da Silva, por ordem do Vigário da Mocha (Oeiras) Padre Tomé de Carvalho e Silva.
Em 1767, Padre Manuel Rodrigues Covette assumiu a freguesia do Surubim, sendo vigário até sua substituição em 1794, permanecendo na freguesia até a morte em 29 de Outubro de 1798. Em São Luís, junto à Cúria Diocesana, fez o termo de sujeição e regulação de nossas irmandades religiosas, que zelavam pela Igreja: Irmandade do Santíssimo Sacramento, Irmandade das Almas e Irmandade de Santo Antônio, cujo a qual conseguiu a confirmação de compromisso.
Em 1779, Padre Covette, junto a mesa diretora da Irmandade de Santo Antônio, redigiu uma Carta à Rainha de Portugal (D. Maria I) solicitando esmola e ajuda de custo para as obras da Igreja de Santo Antônio do Surubim, em 13 de junho de 1779, festa litúrgica de Santo Antônio de Lisboa.
Na Carta temos o relato do projeto de reconstrução da velha capela erguida por Bernardo de Carvalho na primeira década do século XVIII:
"(...) Se erigiu um templo, que por ser formado de frágil matéria, segundo a impossibilidade daqueles tempos, com o defeito de muito pequeno; de maneira que hoje pelo aumento do povo com decência não se podia nele se celebrarem os Ofícios divinos, causas porque nós resolvemos acrescentá-lo, e pô-lo em menor formalidade; para cujo efeito entramos no projeto de demolir o que existia para o dito fim, e posta em execução esta nossa determinação".
A Igreja Matriz de Santo Antônio resistiu ao longo de mais de dois séculos, sendo palco da famigerada proclamação de adesão da Vila de Campo Maior à Independência do Brasil, feita sob liderança de Leonardo de Carvalho Castelo Branco em 5 de fevereiro de 1823; nesta ocasião foi entoado um solene Te-Deum, em ação de graças.
Ao longo do século XIX a matriz permaneceu preservada, com breves reformas convencionais, em especial sob a gestão do Vigário Padre Manoel Félix Cavalcanti de Barros (1818-1903); o mais longevo vigário de nossa história, com sessenta anos de vicariato.
No século XX, na gestão do Vigário Cônego Gastão Pereira da Silva (1886-1944), fez significativas reformas estruturais no templo por volta de 1923-1924.
No entanto, no ano de 1944, Padre Mateus Cortez Rufino (1915-1990), se ocupou com o novo projeto de reforma da paróquia de Santo Antônio, com a edificação de uma Catedral para servir de sede da nova Diocese. Assim, autorizou a demolição da antiga Igreja Matriz, já bicentenária. Iniciado os trabalhos, após benção, no dia 27 de junho de 1944, deu-se o início da demolição da velha matriz de St.º Antônio; e, com ela, a presença de nossa primeira Igreja, erguida na terra dos carnaubais.
Em 15 de agosto de 1962, Dom Avelar Brandão Vilela (2° Arcebispo de Teresina) deu a bênção solene de inauguração da Catedral de Santo Antônio, justamente no ano do bicentenário de Campo Maior (1762), marcando, assim, mais uma nova página da nossa história. Em 1976, a Catedral recebeu seu novo e primeiro Bispo da Diocese de Campo Maior, Dom Abel Alonso Nuñez (1921-2003).
Abaixo, registramos a lista sequencial, ainda indefinida, dos vigários e párocos a frente da Matriz da Freguesia de Santo Antônio do Surubim até elevação a Paróquia-Catedral de Campo Maior, Piauí:
(1711-1716, f.) capelão das conquistas, Padre Amaro Barbosa Pinheiro.
1- (1716-1719) Padre Antônio Rodrigues da Silva.
2- (1720- ?) Padre Belchior Garcia de Aguiar.
3- (1735-1736) Padre Nicolau Ferreira de Brito.
(1737-1739) Padre Inácio Vaz de Araújo, coadjutor.
(1741-1744) Padre José Gomes de Araújo, coadjutor.
4- (1737-1744) Padre Bernardo Cunha Lira.
5- (1744-1748) Padre Manuel Ribeiro da Costa.
6- (1748-1752) Padre Salvador Correia Lima.
7- (1752-1753) Padre Antônio Freire.
8- (1754-1758) Padre Nicolau Ferreira de Brito.
(1758) Padre José Lopes Pereira, coadjutor.
9- (1758-1767) Padre Sebastião Vieira Sobral.
10- (1767-1794) Padre Manuel Rodrigues Covette.
11- (1795-1798) Padre José Francisco Pinto da Costa Magalhães.
12- (1798-1803) Padre Francisco Raimundo de Araújo.
(1803-1804, f.) Padre Francisco Antônio da Silva Cunha, coadjutor.
(1804) Padre José Joaquim Pinto de Almeida, coadjutor.
(10/1804) Padre José Joaquim Sobreiro, coadjutor.
13- (1803-1804) Padre Joaquim Xavier de Araújo.
14- (1804-1823/27) Padre João Manuel de Almendra.
15- (1823-?) Padre Clemente Antônio Gomes.
(?) Padre José Machado Freire.
(1831- ?) Padre Domingos Rodrigues Chaves.
16- (1843-1903, f.) Padre Manuel Félix Cavalcanti de Barros.
17- (1904-1918, f.) Padre Benedito Portella Lima.
18- (1918-1919) Padre Clarindo Lopes Ribeiro.
19- (1919-1921) Monsenhor Cícero Portella Nunes.
20- (1921-1927) Padre Gastão Pereira da Silva.
21- (1927-1928) Padre Benedito Cantuária de Almeida e Sousa.
22- (1929-1930) Monsenhor Fernando Lopes e Silva.
23- (1930-1935) Padre Acylino Batista Portella Ferreira.
24- (1936-1939) Monsenhor Fernando Lopes e Silva.
25- (1940-1941) Frei. Patrício Seubert & Frei. Estevão Röttger.
26- (1941-1972) Monsenhor Mateus Cortez Rufino.
27- (1967-1968) Padre Isidro Pires de Souza, coadjutor.
28- (1972-1986) Monsenhor Isaac José Vilarinho.
29- (1987-2002) Monsenhor Silvestre Félix de Sousa.
30- (2003-2006) Monsenhor Celso Ferreira dos Santos.
31- (2006-2019) Monsenhor Paulo Mateus dos Santos.
32- (2019-2020) Padre Claudinei Silva Pereira.
33- (2020-2021, f.) Padre Jonilson Torres Rezende.
34- (2021-2024) Padre Gilberto Felipe da Silva.
35- (2024-) Padre Luís Francisco Fonseca Moura.
Referências:
BASTOS, Cláudio de Albuquerque. Dicionário Histórico e Geográfico do Estado do Piauí. Teresina: Fundação Cultural Monsenhor Chaves, 1994.
CHAVES, Monsenhor Joaquim. O Piauí nas Lutas da Independência do Brasil. Teresina: Alínea Publicações Editora, 2005.
MELO, Pe. Cláudio. Fé e Civilização. In: Obra Reunida. Teresina: Academia Piauiense de Letras, 2019. p. 547-550.
FARIAS, Dário Leno de Souza. 130 anos de fé e devoção: História da Igreja de Nossa Senhora do Rosário. 1. ed. Teresina: FSC Comércio e Industria Ltda. São Luís Gráfica e Editora, 2023.
CARTA dos Irmãos e Confrades da Irmandade de Santo Antônio da Freguesia da Vila de Campo Maior, comarca de Oeiras no Piauí, Bispado de São Luís do Maranhão. 1779, junho, 13, Vila de Campo Maior. AHU-MARANHÃO, Cx. Nv. 872. AHU-ACL-CU-016.Cx.
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