A nimesulida, um anti-inflamatório amplamente utilizado no Brasil para tratar dores agudas e inflamações, tem sido motivo de preocupação entre profissionais de saúde devido aos seus potenciais efeitos adversos, especialmente relacionados ao fígado. Embora o medicamento permaneça disponível no mercado brasileiro, vários países, incluindo Espanha, Finlândia, Irlanda, Bélgica, Dinamarca, Holanda, Suécia, Japão, Canadá e Estados Unidos, proibiram sua comercialização após relatos de hepatotoxicidade grave associada ao seu uso.
O fármaco já foi alvo de uma investigação da EMA (Agência Europeia de Medicamentos – em tradução), que optou por restringir seu uso em certos casos.
Segundo Roberto Parise Filho, professor da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP (Universidade de São Paulo), o primeiro relato de toxicidade hepática grave, ou seja, relacionada ao fígado, pelo uso da nimesulida surgiu em 1997 e estudos posteriores mostraram que o uso do medicamento pode levar a insuficiência no órgão.
“No Brasil, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) mantém sua comercialização, mas limita o uso ao máximo de 15 dias, na tentativa de minimizar os riscos”, aponta o professor da USP, citando estudos que relacionam a nimesulida a um risco de hepatotoxicidade – dano ao fígado causado por substâncias químicas – duas vezes maior em comparação a indivíduos que não usam o fármaco.
Parise explica que o remédio inibe preferencialmente a enzima COX-2, que reduz a produção de prostaglandinas, substâncias envolvidas na inflamação e na dor. O professor ressalta que o efeito rápido do medicamento o tornou popular no tratamento de várias condições.
Além de danos ao fígado, a nimesulida também pode causar insuficiência renal e ser perigosa para pacientes com histórico de doenças cardiovasculares se usada prolongadamente, apesar de o risco de problemas no coração causado pelo fármaco ser menor do que outros medicamentos que agem com a mesma enzima.
Conforme o professor da USP, o medicamento deve ser usado com cautela e com prescrição médica, mas, mesmo assim, a nimesulida pode causar danos se usada corretamente.
“Embora o uso indiscriminado seja uma realidade preocupante, o risco não está apenas na dose ou no tempo de uso, mas também na suscetibilidade individual”, aponta Parise, acrescentando que algumas pessoas desenvolvem reações adversas graves de maneira imprevisível.
O Ministério da Saúde, por meio da Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde, decidiu em 2021 não incorporar anti-inflamatórios não esteroides tópicos para dor crônica musculoesquelética ou por osteoartrite no Sistema Único de Saúde (SUS). Embora essa decisão não se refira diretamente à nimesulida, reflete uma cautela na adoção de certos AINEs devido a preocupações com segurança e eficácia
Diante das evidências e das restrições internacionais, médicos recomendam que pacientes e profissionais de saúde considerem alternativas terapêuticas com perfis de segurança mais estabelecidos, especialmente para indivíduos com histórico de problemas hepáticos ou outras condições que possam aumentar o risco de reações adversas.
FONTR: ISTOÉ e TERRA
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